Rússia pede união em apoio a Putin após ameaça de motim
No fim de semana, mercenários ocuparam brevemente um centro de comando estratégico para a guerra na Ucrânia e marcharam sobre Moscou.
O primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin, disse nesta segunda-feira, 26, que o país enfrentou “um desafio à sua estabilidade” e deve permanecer unido ao lado do presidente, Vladimir Putin. O comentário vem após combatentes de um exército privado de mercenários, conhecido como Grupo Wagner, ocuparem brevemente um centro de comando estratégico para a guerra na Ucrânia e marcharem sobre Moscou no final de semana.
Depois do motim armado pelo poderoso Grupo Wagner, bem como seu fim abrupto sem penalidades aparentes para os envolvidos, oficiais tentam fazer com que o país retorne à normalidade. Apesar da revolta ter sido controlada, nem o governo russo nem a comunidade internacional sabe exatamente o que pode acontecer a seguir.
Durante uma reunião do governo televisionada, Mishustin disse que a Rússia enfrentou “um desafio à sua estabilidade”.
“Precisamos agir juntos, como um só time, e manter a união de todas as forças, reunidas em torno do presidente”, declarou.
O Comitê Nacional Antiterrorista da Rússia afirmou que a situação no país era estável e o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, suspendeu um regime antiterrorista imposto na capital. A China, importante aliada da Rússia, disse que apoia Moscou na manutenção da estabilidade nacional. Já a Ucrânia e alguns de seus aliados ocidentais asseguraram que a turbulência revelou rachaduras no Kremlin.
“O sistema político está mostrando fragilidades e o poderio militar está rachando”, disse o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell.
Os mercenários do Grupo Wagner fazem parte do contingente de russos que lutam na Ucrânia. No sábado 24, muitos dos combatentes cruzaram a fronteira ucraniana com a Rússia para avançar sobre Moscou. No entanto, na noite do mesmo dia, voltaram para suas bases sob uma anistia que lhes garantiu segurança.
Segundo o acordo com o governo, mediado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, o comandante e principal financiador do grupo, o oligarca Yevgeny Prigozhin, deve se mudar para Belarus.
Prigozhin, que havia exigido que o ministro da Defesa da Rússia e o principal general do exército fossem entregues a ele, depois de acusá-los de incompetência e corrupção, disse que queria “restaurar a justiça” no país.
Nesta segunda-feira, um vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa mostrou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, voando em um avião com um colega e ouvindo relatórios em um posto de comando.
Putin, que disse no sábado que a rebelião colocou a própria existência da Rússia sob ameaça e prometeu punir aqueles por trás da revolta, não fez nenhum comentário ou aparição pública desde então.