Rússia não tem força para grandes avanços em 2023, diz oficial dos EUA
Diretora de Inteligência Nacional americana disse que Moscou, carente de munições e soldados, deve mudar foco para defesa e prolongar o conflito
Em meio aos reveses que ocorrem no campo de batalha da guerra na Ucrânia, a diretora de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, Avril Haines, afirmou ao Comitê de Inteligência do Senado nesta quarta-feira, 8, que a Rússia não tem força suficiente para obter grandes ganhos e deve adotar uma estratégia defensiva, prolongando o conflito.
“Mesmo com a continuação da ofensiva russa, eles estão enfrentando altas taxas de mortes”, disse Haines. “[O presidente Vladimir Putin] provavelmente está entendendo melhor os limites do que suas forças armadas são capazes de alcançar e parece estar focado em objetivos militares mais limitados por enquanto”, acrescentou.
Maior autoridade de inteligência do país, Haines reiterou que, como Moscou carece de munições e soldados para obter vitórias territoriais na Ucrânia, Putin agora vai ajustar a estratégia para o curto prazo, prolongando o conflito.
Estender a guerra pode gerar longas pausas no ataque ofensivo e melhorar as chances da Rússia alcançar seus objetivos estratégicos. A Rússia, que enfrenta escassez de munição, precisa de tempo para obter suprimentos bélicos de outros países e aumentar o tamanho de suas forças armadas.
Ao mesmo tempo, Moscou declara “progressos incrementais” na cidade do leste da Ucrânia, Bakhmut. A região foi palco dos mais intensos combates nas últimas semanas. Para Haines, contudo, a cidade não tem um “objetivo particularmente estratégico”, só efeito simbólico.
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Caso o Kremlin não inicie uma mobilização obrigatória e obtenha munições de terceiros, será “cada vez mais desafiador” para o país sustentar as operações ofensivas nos próximos meses.
“Consequentemente, eles podem mudar totalmente para manter e defender os territórios que ocupam. Em suma, não prevemos que os militares russos se recuperem o suficiente este ano para obter grandes ganhos territoriais”, explicou a diretora.
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O relatório de avaliação de ameaças observou que Moscou quer evitar conflitos diretos com os Estados Unidos. Por outro lado, os contratempos na Ucrânia podem levar Moscou a intensificar a guerra.
“Existe um potencial real para que os fracassos militares da Rússia na guerra prejudiquem a posição doméstica do presidente russo Vladimir Putin e, assim, desencadeiam ações adicionais de escalada da Rússia em um esforço para reconquistar o apoio público”, disse o relatório.