Rússia está por trás de 100 ‘incidentes suspeitos’ na Europa este ano, diz ministro
Chanceler da República Checa faz denúncia enquanto Moscou é acusada de sabotagens, como incêndios criminosos, na Alemanha e Reino Unido
A Rússia esteve por trás de até 100 “incidentes suspeitos” na Europa este ano, disse o ministro das Relações Exteriores da República Checa, Jan Lipavsky, nesta quarta-feira, 4.
“Este ano, houve 500 incidentes suspeitos na Europa. Até 100 deles podem ser atribuídos a ataques híbridos russos, espionagem, operações de influência”, disse Lipavsky a repórteres pouco antes de uma reunião com os chanceleres da Otan em Bruxelas.
Lipavsky ainda enfatizou que a Europa “precisa enviar um sinal forte a Moscou de que isso não será tolerado”.
Ameaça russa
A declaração do ministro checo surge em meio a acusações de que a Rússia está tentando prejudicar os aliados da Ucrânia através de ataques cibernéticos, incêndios criminosos, conspirações de assassinato e uma série de incidentes testemunhados pelas nações europeias nos últimos anos.
A Alemanha investiga vários incêndios causados por dispositivos incendiários escondidos dentro de encomendas em um depósito na cidade de Leipzig. A polícia antiterrorismo britânica também informou, logo após o anúncio alemão, que abriu uma investigação sobre um incêndio em um depósito em julho, causado por um pacote que pegou fogo, e entraria em contato com outras agências policiais europeias para ver se havia uma conexão com incidentes semelhantes em outros lugares.
As autoridades de segurança europeias acreditam que tais incidentes supostamente arquitetados por Moscou têm como objetivo semear o caos, aumentar as tensões sociais entre os aliados da Ucrânia e interromper o fornecimento de ajuda militar à Kiev.
Este foi um dos principais tópicos discutidos durante a reunião da Otan em Bruxelas, que terminou nesta quarta-feira.
O secretário-geral da aliança militar ocidental, Mark Rutte, afirmou que “tanto a Rússia como a China tentaram desestabilizar os nossos países e dividir as nossas sociedades com atos de sabotagem, ciberataques e chantagem energética”.
Segundo Rutte, o bloco concordou com um conjunto de medidas para combater “as atividades hostis e cibernéticas da Rússia, incluindo maior troca de inteligência, mais exercícios, melhor proteção de infraestrutura crítica e melhor defesa cibernética.”
Na semana passada, o chefe do serviço de inteligência estrangeira francês, Nicolas Lerner, disse que “a segurança coletiva de toda a Europa está em jogo” na Ucrânia.