Rússia completa venda de caças e helicópteros de ataque ao Irã
Primeira compra iraniana de equipamentos militares desde 1990 evidencia que Moscou e Teerã estreitam relações

O vice-ministro da Defesa do Irã, Mehdi Farahi, afirmou nesta terça-feira, 28, que o país finalizou um acordo com a Rússia para a compra de caças, jatos de treinamento e helicópteros de ataque. A informação foi publicada pela agência de notícias estatal iraniana Tasnim, enquanto Teerã e Moscou estreitam relações militares.
“Os planos para que os caças Sukhoi Su-35, os helicópteros de ataque Mil Mi-28 e os jatos de treinamento Yak-130 se juntem às unidades de combate do Exército do Irã foram finalizados”, declarou Farahi, segundo a Tasnim.
Não se sabe valores nem quantidades exatas dos equipamentos envolvidos nas negociações entre Moscou e Teerã. No entanto, o Su-35 é considerado um avião sofisticado, apesar de não ter um radar comparável ao de modelos ocidentais.
Além disso, o relato divulgado pela Tasnim não contém a confirmação do acordo por parte da Rússia. Desde o início da guerra na Ucrânia, porém, o Kremlin tornou-se assíduo comprador de drones Shahed, de fabricação iraniana.
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É a primeira vez que a República Islâmica faz uma aquisição do tipo desde 1990, quando encomendou 35 caças MiG-29, que já estavam entrando em obsolescência, da União Soviética. A força aérea do Irã tem apenas algumas dezenas de aeronaves de ataque, incluindo jatos russos, bem como modelos antigos dos Estados Unidos.
Em 1976, o Irã adquiriu 80 caças F-14 dos Estados Unidos, num período em que os dois países ainda tinham boas relações. Depois, a Revolução Islâmica de 1979 cortou laços entre Washington e Teerã, mas 41 dos modelos americanos sob posse de Teerã seguem voando, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) de Londres.
Embora tenha uma frota obsoleta, o Irã se destaca em outros campos, particularmente pelo seu arsenal sofisticado de mísseis balísticos. Com 610 mil militares, a nação tem a maior força do Oriente Médio e acabou de lançar um novo destroier.
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De acordo com o IISS, o Irã é dono do décimo maior orçamento militar do mundo, de US$ 44 bilhões (R$ 214 bilhões), em um ranking liderado pelos Estados Unidos, Rússia e China. Essa posição e a rede de aliados regionais fez com que Washington enviassem um alerta direto para o país não se envolver na guerra entre Israel e o Hamas, grupo apoiado pelo governo de Teerã.
O país islâmico vive sob sanções americanas há anos. Um acordo que aliviava a pressão sobre a economia local em troca de Teerã não desenvolver a bomba atômica chegou a ser traçado, mas Washington deixou o pacto. Atualmente, especialistas afirmam que os iranianos estão tecnologicamente aptos a construir uma ogiva nuclear.