Rússia aumenta tom e diz que guerra na Ucrânia só terá fim sob condições de Putin
Declaração de vice-chanceler segue fala de presidente ucraniano sobre eventual acordo de paz

O representante da Rússia para as relações com os Estados Unidos, o vice-chanceler Sergei Ryabkov, afirmou, nesta segunda-feira 10, que as condições do presidente russo, Vladimir Putin, devem ser cumpridas integralmente para que a guerra na Ucrânia chegue ao fim. A declaração indica uma subida de tom de Moscou com o presidente dos EUA, Donald Trump, que teve como uma das principais promessas de campanha pôr um ponto final no conflito, a duas semanas de completar três anos, “em 24 horas” quando voltasse à Casa Branca.
“A solução política como a imaginamos não pode ser alcançada de outra forma senão por meio da implementação total do que foi pronunciado pelo presidente Putin quando falou ao Ministério das Relações Exteriores da Rússia em junho”, disse Ryabkov à imprensa russa. “É aqui que estamos e, quanto mais cedo os EUA, a Grã-Bretanha e outros entenderem isso, melhor será e mais próxima essa solução política desejada estará para todos”.
Segundo o porta-voz, não é possível chegar a qualquer acordo “sem resolver os problemas que estão na raiz do que está acontecendo”.
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Condições russas
Para uma eventual acordo de paz, Putin demanda que a Ucrânia abandone os planos para aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), maior aliança militar ocidental, e retire suas tropas das áreas ocupadas e anexadas pelo lado russo – Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia passaram a fazer parte do mapa da Rússia, por uma decisão unilateral de Putin condenada pela comunidade internacional, ainda em 2022.
A Rússia já tem um histórico controverso, com a anexação da Crimeia, em 2014. No momento, Moscou controla cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia e as quatro regiões sob controle russo no cálculo. Além disso, tem tropas em cerca de 70% a 80% da Ucrânia.
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O que diz a Ucrânia
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou, neste domingo 9, que estaria pronto para sentar-se à mesa de negociações com os russos para discutir um acordo de paz, flexibilizando o formato de tratativas. Ele, contudo, afirmou ter uma condição para que isso ocorresse: que exista “um entendimento de que os Estados Unidos e a Europa não nos abandonarão” depois do conflito ser encerrado.
Zelensky defendeu que o plano de Trump para um acordo rápido, além de interromper o confronto, deve garantir que não possa mais haver nenhuma agressão russa. Ele afirmou que a Ucrânia não deseja repetir a experiência de acordos de paz e negociações que falharam em produzir resultados nos anos que antecederam a invasão de Moscou.
“Simplesmente congelar o conflito levará repetidamente a mais agressões. Quem, então, ganhará prêmios e entrará para a história como o vencedor? Ninguém. Será uma derrota absoluta para todos, tanto para nós quanto para Trump”, disse Zelenskyy à emissora britânica ITV.
“Se eu tivesse um entendimento de que os Estados Unidos e a Europa não nos abandonariam e nos apoiariam e forneceriam garantias de segurança, eu estaria pronto para qualquer formato de conversas (com a Rússia)”, garantiu.