Renda média mundial cairá quase um quinto até 2025 por crise climática
Levantamento alerta que eventos extremos custarão US$ 38 bilhões (cerca de R$ 199 bilhões) por ano até metade do século
Um estudo publicado na revista Nature nesta quarta-feira, 17, afirma que o rendimento mundial despencará em quase um quinto (19%) até 2050 devido às mudanças climáticas provocadas pelo homem. O levantamento alerta que eventos extremos, como chuvas devastadoras, e o aumento da temperatura do planeta custarão US$ 38 bilhões (cerca de R$ 199 bilhões) por ano até metade do século – quantia que superaria o necessário para conter o aquecimento global a 2ºC, na casa dos U$ 6 bilhões (R$ 31 bilhões).
A pesquisa foi realizada por três pesquisadores do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, na Alemanha, e mostra que o montante, por ora, é inflexível por ter levado em conta as emissões já lançadas na atmosfera. Acredita-se que o valor exorbitante ampliará a desigualdade por afetar na mesma escala os países, sem distinguir quem foi responsável por emitir os poluentes. Dessa maneira, nações vulneráveis verão seus problemas se agravarem.
Embora a média global de redução esteja em 19%, Estados Unidos e da Europa sentirão um baque menor, em cerca de 11%. Os países da África e do sul da Ásia estão entre aqueles mais afetados, com queda de 22%. No Brasil, a queda será de 21%.
Caso não haja mudança no cenário atual, as projeções advertem para perdas de mais de 60% até o próximo século. Os países mais quentes e pobres precisarão estabelecer estratégias de adaptação, alertaram os pesquisadores.
Como chegaram a essa conclusão?
A pesquisa, considerada a mais extensa do campo, aplicou uma metodologia sofisticada para cravar as consequências do caos climático. Por isso, apresenta conclusões alarmantes sobre o impacto econômico a ser sofrido pelos países mundo afora, com números mais do que duas vezes maiores quando comparados a estimativas anteriores.
Para alcançar o resultado, os cientistas incorporaram dados de quatro décadas sobre as chuvas e os efeitos de eventos climáticos extremos em 1.600 regiões subnacionais, de forma a ampliar o escopo de análise em relação a estudos anteriores, que levavam em consideração informações a nível local. Eles também examinaram como os impactos negativos podem perdurar a longo prazo, em meses e anos.
Relatório ‘conservador’
Ainda que preocupante, o panorama é considerado conservador pelos próprios autores, Maximiliano Kotz, Anders Levermann e Leonie Wenz, pela falta de inclusão de ondas de calor, aumento do nível do mar, ciclones tropicais no parecer final. O trio indicou, no entanto, que os fatores serão incluídos nas próximas edições.
“Estamos fornecendo um quadro mais abrangente, mas este não é o quadro final”, ponderou Wenz ao jornal britânico The Guardian. “É provavelmente um limite inferior.”