Reino Unido suspende licenças de exportação de armas para Israel
Ministério das Relações Exteriores alerta para 'risco claro' de que artefatos bélicos sejam usados em violações do direito humanitário no conflito em Gaza
O Reino Unido anunciou, nesta segunda-feira, 2, a suspensão de 30 licenças de exportação de armas para Israel, após uma revisão realizada pelo novo governo trabalhista identificar um “risco claro” de que os equipamentos poderiam ser utilizados em graves violações do direito humanitário internacional.
As licenças suspensas, que representam um décimo das 350 autorizações britânicas em vigor, envolvem componentes para aeronaves militares, incluindo caças, helicópteros e drones. A decisão é restrita a armamentos que poderiam ser usados no conflito entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas na Faixa de Gaza.
Preocupações significativas
David Lammy, ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, explicou que a revisão, realizada ao longo de dois meses, levantou preocupações significativas sobre a conduta de Israel no conflito em Gaza. Embora não haja confirmação de que as exportações de armas britânicas tenham contribuído diretamente para ataques na região, a escala dos danos e o elevado número de mortes de civis despertaram grande apreensão no governo, segundo a pasta.
O governo britânico destacou que vinha conduzindo negociações frustradas com o governo israelense para garantir contato com palestinos detidos em prisões do país, seja por meio de representantes judiciais britânicos ou do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
A medida, coordenada entre o Ministério das Relações Exteriores, o Departamento de Negócios e o Procurador-Geral britânicos, deve ajudar Lammy diante de uma potencial revolta durante a conferência anual do Partido Trabalhista. No entanto, a decisão pode provocar tensões com o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que tem reiterado que não vê fundamentos no direito internacional humanitário para interromper as vendas de armas a Israel.
As autoridades do Reino Unido fizeram questão de enfatizar que a suspensão das licenças de exportação não reflete um distanciamento do compromisso do país europeu com a segurança de Israel, lembrando que suspensões semelhantes já ocorreram em conflitos anteriores envolvendo a nação judaica.