Reino Unido sanciona chefes da prisão onde Navalny foi encontrado morto
Seis dirigentes tiveram seus bens congelados e estão proibidos de entrar em território britânico; EUA também planejam pacotão de sanções
O Reino Unido sancionou nesta quarta-feira, 21, os chefes da colônia penal no Círculo Polar Ártico em que Alexei Navalny, ativista russo anti-Kremlin, esteve detido até sua morte na última sexta-feira 16. O seis dirigentes tiveram seus bens congelados e estão proibidos de entrar no território britânico. Em publicação no X, antigo Twitter, o primeiro-ministro Rishi Sunak destacou que Navalny “morreu por uma causa que ele dedicou toda sua vida — a liberdade”.
“Retornar para casa sabendo que [Vladimir] Putin já havia tentado matá-lo foi um dos atos mais corajosos do século XIX”, escreveu a respeito do ativista, que voltou à Rússia em 2021 após passar meses asilado na Alemanha devido a uma tentativa de assassinato por envenenamento. “Então, junto com aliados, estamos considerando todas as opções para responsabilizar a Rússia. E, nessa manhã, nós sancionamos aqueles no comando da prisão onde o corpo de Nalvany ainda está.”
O Ministério das Relações Exteriores, comandado por David Cameron, disse que o Reino Unido é a primeira nação a impor bloqueios em resposta à morte do líder da oposição contra Putin, presidente da Rússia. O governo britânico também apelou à entrega imediata do corpo de Navalny à sua família para que seja aberta uma investigação sobre as causas da morte, somando-se ao coro da mãe do ativista.
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Reação de Cameron
Ainda na sexta-feira, Camerou provocou o Kremlin e destinou uma série de elogios a Navalny, qualificando-o como “incrivelmente corajoso”. O ministro, assim como Sunak, reforçou que a sua morte foi reflexo da sua luta contra a “corrupção”. Entre janeiro e dezembro, o prisioneiro desapareceu por 20 dias no sistema penal russo, reaparecendo na prisão do Ártico que foi um gulag na era soviética.
“E nós devemos ser claros sobre o que aconteceu aqui [morte de Nalvany]: a Rússia de Putin o prendeu, forjou acusações contra ele, o envenenou, o enviou para uma colônia penal do Ártico e agora ele tragicamente morreu”, disse na sexta-feira. “Nós devemos responsabilizar Putin por isso. E ninguém deveria ter qualquer dúvida sobre a terrível natureza do regime de Putin na Rússia depois do que acabou de acontecer.”
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Quem são os sancionados?
Ao anunciar as sanções, Cameron afirmou que era “claro que as autoridades russas viam Navalny como uma ameaça e tentaram repetidamente silenciá-lo” e que os “responsáveis pelo tratamento brutal de Navalny não devem ter ilusões” de que não sofreriam retaliações do governo britânico. Entre os russos afetados estão:
- Coronel Vadim Konstantinovich Kalinin – chefe da colônia penal
- Tenente-coronel Sergey Nikolaevich Korzhov – vice-chefe
- Tenente-coronel Vasily Alexandrovich Vydrin – vice-chefe
- Tenente-coronel Vladimir Ivanovich Pilipchik – vice-chefe
- Tenente-coronel Aleksandr Vladimirovich Golyakov – vice-chefe
- Coronel Aleksandr Valerievich Obraztsov – vice-chefe
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Resposta dos EUA
O Reino Unido não é a única nação a ampliar o cerco contra a Rússia. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta terça-feira 20 que o país também aplicará sanções como represália à morte do russo e à continuidade da guerra na Ucrânia, às vésperas de completar dois anos.
Elas atingirão uma série de itens, incluindo as bases industriais e de defesa do país, adiantou o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. Um alto funcionário do governo dos Estados Unidos informou à agência de notícias Reuters que o pacote contra Moscou já seria anunciado na sexta-feira, 23, para marcar o segundo aniversário do conflito, mas foi reforçado devido ao caso Navalny.
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Sobre Navalny
O ex-advogado chamou atenção da elite russa após expor uma suposta rede de corrupção do governo de Putin. Ele já cumpria nove anos de prisão por fraude quando os tribunais russos aplicaram a nova pena — ao todo, passaria 28 anos detido por outras imputações criminais. O prisioneiro, por sua vez, alegava que as provas foram forjadas como forma de censura.
As ações de Navalny eram uma constante fonte de dor de cabeça para Putin, que comanda a Rússia há mais de duas décadas. Além de expor a suposta corrupção que tomava conta do Kremlin e de empresas russas, ele organizou protestos contra o governo.
Em meio às disputas com Putin, Navalny foi envenenado, em 2020, com uma substância neurotóxica característica da era soviética, o novichok. Transferido para a Alemanha para receber atendimento médico, entrou em coma por intoxicação, mas se recuperou meses depois e retornou à Rússia no ano seguinte.