Rede de rádio dos EUA deixa o Twitter em crítica a Elon Musk
A NPR acusou a rede de 'minar sua credibilidade', depois que a plataforma atualizou o status da sua conta como 'mídia afiliada ao Estado'
![(FILES) In this file photo taken on September 17, 2013, the headquarters for National Public Radio (NPR) in Washington, DC. - NPR on April 12, 2023, said it would "no longer remain active" on Twitter, accusing the platform owned by Elon Musk of undermining its credibility and sowing doubt over its editorial independence. NPR's clean break from Twitter comes after the highly respected news broadcaster had already suspended tweets from its main account when it received a label on the platform that it was "state affiliated media". (Photo by Saul LOEB / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/04/000_33D32XK.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
A National Public Radio (NPR), uma rede de rádio pública dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira, 12, que não vai mais utilizar as suas 52 contas oficiais do Twitter, tornando-se a primeira grande organização de notícias a deixar a plataforma digital.
Segundo a NPR, a decisão foi tomada depois que o Twitter rotulou sua conta de “mídia afiliada ao estado”, o mesmo termo que usa para meios de propaganda na Rússia, China e outros países autocráticos. A rádio americana acusou a plataforma, de propriedade do bilionário Elon Musk, de minar sua credibilidade e semear dúvidas sobre sua independência editorial.
O CEO da NPR, John Lansing, argumentou que o motim ampliaria sua capacidade de produzir jornalismo sem interferência.
“O lado negativo, seja qual for, não muda esse fato”, disse Lansing. “Eu nunca permitiria que nosso conteúdo fosse a qualquer lugar que colocasse em risco nossa credibilidade.”
De acordo com a organização de notícias, o rótulo é impreciso, já que a NPR é uma empresa privada sem fins lucrativos e com independência editorial. Atualmente, menos de 1% de seu orçamento anual, de US$ 300 milhões, vem da Corporação de Radiodifusão Pública, uma agência financiada pelo governo federal. A maior parte do financiamento da NPR vem de patrocinadores e doações corporativas e individuais.
“Mesmo se fôssemos financiados pelo governo, o que não somos, o ponto é a independência, porque todo jornalismo tem algum tipo de receita”, argumentou Lansing. O conselho da NPR também não tem influência do governo.
Ainda não está claro se a saída do Twitter afetará o alcance de público da NPR. Sua conta principal no Twitter tinha 8,8 milhões de seguidores – mais de um milhão a mais do que os seguidores da emissora de rádio no Facebook, apesar de ter mais engajamento na plataforma da Meta.
Em uma entrevista à emissora britânica BBC nesta quarta-feira, Musk afirmou que poderia mudar o rótulo da conta da NPR para “financiado publicamente”. A alternativa, no entanto, não teve efeito sobre a decisão da rede de rádio. Lansing afirmou que, mesmo que o Twitter abandone totalmente a designação, a NPR não vai retornar imediatamente à plataforma.
Durante anos, os jornalistas consideraram o Twitter como uma peça fundamental para monitorar o desenvolvimento das notícias, conectar-se com pessoas e leitores, encontrar fontes confiáveis e compartilhar sua cobertura. As mudanças políticas sob a gestão de Musk mudaram o cenário, e Lansing afirmou que a degradação na cultura empresarial da plataforma, já inundada por conteúdo abrasivo, contribuiu para a decisão da NPR.
Outros veículos de notícias também receberam o mesmo rótulo no Twitter, como a emissora americana PBS, que também recebe dinheiro do governo, e a BBC, que é financiada por um imposto de licença uniforme no Reino Unido.
Na entrevista à BBC, Musk afirmou que também ajustaria os rótulos da emissora britânica para “financiado publicamente”. O status da BBC já foi alterado, em espécie de reconciliação, diferentemente do rótulo da NPR, que continua o mesmo.
No início do mês, Musk também criticou o jornal americano The New York Times, chamando suas reportagens de “propaganda”. Agora, a comunicação do Twitter responde aos e-mails dos repórteres do Times com emojis de fezes.