Realeza europeia se despede do último rei da Grécia, Constantino II
Apesar de ter nascido príncipe, ele foi enterrado como plebeu, depois que súditos votaram pela abolição da monarquia, em 1974
Parte da realeza europeia se reuniu em Atenas nesta segunda-feira, 16, para o funeral do rei Constantino II, da Grécia. Apesar de ter nascido príncipe, ele foi enterrado como plebeu, depois que súditos votaram pela abolição da monarquia, em 1974.
Primo de segundo grau do rei Charles III, do Reino Unido, e padrinho do príncipe herdeiro William, ele viveu a maior parte de sua vida no exterior, mas voltou para sua terra natal nos últimos anos. Ele morreu em um hospital de Atenas na semana passada, com 82 anos. Ligado à Casa alemã de Glucksberg, que tem conexão com toda realeza da Europa, Constantino II era filho único do rei Paulo e da rainha Frederica.
O funeral aconteceu em Tatoi, em uma antiga propriedade da família ao norte de Atenas, local onde seus ancestrais também estão enterrados. Filhos e os netos carregaram o caixão enquanto cantavam o hino nacional e, em seguida, todos que estavam presentes começaram a gritar “Imortal”.
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“A vontade de Deus era que você desse seu último suspiro em nossa terra natal, que você amou como nada em toda a sua vida”, disse Pavlos, o filho mais velho de Constantino.
Diversas figuras da realeza estavam presentes no enterro. Entre elas estava a princesa Anne, do Reino Unido, o rei Felipe e a rainha Letizia, da Espanha, e outros membros da realeza da Dinamarca, Noruega, Suécia, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Sérvia e Mônaco.
Constantino tornou-se rei aos 24 anos. Três anos depois, em 1967, ele foi exilado do país com sua esposa, princesa Anne-Marie, a filha mais nova do rei Frederico IX da Dinamarca e sua família, depois de empossar a junta militar que tomou o poder em abril daquele ano. Sua medida o transformou em uma figura extremamente impopular, principalmente por conta de sua breve cooperação com os militares antes de encenar um contra-golpe fracassado.
A junta aboliu a monarquia em 1973. Em 1974, em um referendo após sua queda, a Grécia rejeitou novamente a monarquia. Em diversas entrevistas, Constantino lembrou que não teve permissão para retornar ao país para conseguir defender a si mesmo na época do referendo.
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“Se o povo grego decidir que quer uma república, eles têm o direito de tê-la e devem ser deixados em paz para desfrutá-la”, afirmou ele à revista Time em 2002.
Em 1994, o Estado privou Constantino de sua cidadania grega enquanto ele não reconhecesse o fim da monarquia e declarasse um segundo nome em documentos oficiais. Ao mesmo tempo, o governo também tomou a residência da família em Tatoi e um palácio na ilha de Corfu, local onde nasceu o príncipe Philip, pai do rei Charles III.
A cerimônia de seu enterro foi oficiada pelo arcebispo do país, Ieronymos, e foi privada. Durante o enterro, o ministro da Cultura foi vaiado por pessoas que estavam do lado de fora por não ter transformado o funeral em algo mais oficial.