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Rafa Caro Quintero: México transfere chefão e outros membros de cartéis para os EUA

Aceno para Trump ocorre em meio a novas ameaças tarifárias, que foram adiadas no mês passado após governo mexicano se comprometer a combater tráfico

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 fev 2025, 10h37

O México transferiu para os Estados Unidos, na quinta-feira 27, um grupo de 29 membros de cartéis procurados pelas autoridades americanas. Entre eles, estava Rafa Caro Quintero, um famoso traficante que Washington tenta levar à justiça há 40 anos.

O grupo é composto não apenas por vários líderes poderosos de organizações criminosas, mas também alguns dos assassinos mais prolíficos nos anais do crime mexicano. A operação é um dos esforços mais importantes da história moderna do México, no âmbito da guerra às drogas, para enviar traficantes aos Estados Unidos e enfrentar os tribunais federais americanos.

Pressão de Trump

A iniciativa ocorreu enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, faz força para pressionar o governo mexicano a intensificar sua luta contra os cartéis, fazendo uso, inclusive de ameaças tarifárias. A concessão das autoridades mexicanas soa como vitória inicial para chefe da Casa Branca, no que provavelmente será uma luta mais longa contra os grupos criminosos.

“Como o presidente Trump deixou claro, os cartéis são grupos terroristas, e este Departamento de Justiça se dedica a destruir cartéis e gangues transnacionais”, afirmou Pam Bondi, procuradora-geral dos Estados Unidos, em declaração. “Processaremos esses criminosos com toda a extensão da lei, em homenagem aos bravos agentes da lei que dedicaram suas carreiras — e, em alguns casos, deram suas vidas — para proteger pessoas inocentes do flagelo dos cartéis violentos.”

Enquanto o governo transferia os homens procurados da custódia mexicana para a americana, uma delegação do México viajava a Washington para se reunir com altos funcionários dos Estados Unidos, no afã de elaborar um acordo de segurança em meio à tensão entre as duas nações. Espera-se que Trump imponha tarifas de 25% sobre produtos mexicanos a partir da próxima terça-feira, 4 de março, uma medida que havia sido adiada por um mês mediante concessões de autoridades do país vizinho envolvendo o combate à imigração ilegal e o tráfico de drogas. (Na quinta-feira, em coletiva ao lado do premiê britânico, Keir Starmer, o republicano criticou que o fluxo de drogas letais pela fronteira sul não havia sido interrompido.)

A questão da soberania

Nas últimas semanas, o governo Trump se envolveu num debate acalorado sobre até onde irá para pressionar o governo mexicano a lidar com os cartéis, por trás de uma crise de violência no México e de contrabandos incalculáveis ​​de drogas ilegais para os Estados Unidos.

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Alguns funcionários da Casa Branca adotam uma postura altamente agressiva, defendendo uma ação unilateral dos militares americanos contra traficantes e infraestruturas de cartéis no México, com objetivo de impedir que narcóticos, como o fentanil, que se espalha pelas ruas dos Estados Unidos com velocidade epidêmica, cruzem a fronteira. Isso seria, segundo críticos e o direito internacional, uma violação da soberania mexicana. Outros defendem uma abordagem mais pragmática, apostando na parceria com o governo vizinho da presidente Claudia Sheinbaum.

“Esta ação faz parte do trabalho de coordenação, cooperação e reciprocidade bilateral dentro da estrutura de respeito à soberania de ambas as nações”, disse o governo mexicano em declaração sobre a transferência dos membros de cartéis.

A ação do México foi comemorada nos círculos policiais americanos como uma grande vitória e um sinal claro de que Sheinbaum planeja cooperar com o governo Trump para reprimir os cartéis.

“Este é um momento incrivelmente importante e marca um verdadeiro ponto de virada”, disse Ray Donovan, ex-chefe de operações da DEA. “Mostra a disposição da presidente Sheinbaum de trabalhar conosco para mirar e desmantelar as organizações criminosas que impactaram os Estados Unidos e o México por gerações.”

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Quem é Rafa Caro Quintero?

Entre os criminosos despachados estava Rafael Caro Quintero, um dos fundadores do cartel de Sinaloa. Ele foi condenado no México por planejar o assassinato de Enrique Camarena, conhecido como Kiki, um agente da DEA (a agência antidrogas dos Estados Unidos) que trabalhava disfarçado no país em 1985.

Capturá-lo tornou-se, por décadas, quase uma obsessão entre os agentes da DEA. O assassinato de Camarena, retratado na série da Netflix Narcos: México, é visto como uma espécie de catalisador que impulsionou a polícia americana mais profundamente na guerra às drogas.

Após ser condenado a 40 anos de prisão, Caro Quintero foi libertado da custódia mexicana por um tecnicismo legal em 2013 e voltou a se esconder na zona rural de Sinaloa, seu estado natal. Ele foi finalmente capturado pelas autoridades mexicanas perto de San Simón, uma cidade em Sinaloa, em 2022.

Poucas horas depois de sua detenção, um helicóptero militar despencou nos arredores da cidade vizinha de Los Mochis, matando 14 fuzileiros navais mexicanos a bordo. O presidente do México na época, Andrés Manuel López Obrador, disse então que os soldados mortos estavam envolvidos na missão de capturar o chefão do crime.

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Caro Quintero foi indiciado por várias acusações de tráfico de drogas no Tribunal Distrital Federal no Brooklyn em 2020. Ele pode comparecer à corte já nesta sexta-feira, 28, segundo o jornal americano The New York Times.

O México também transferiu aos Estados Unidos Miguel Ángel Treviño Morales, um ex-líder do cartel Zetas, que foi capturado no México em 2013. Mais conhecido como Z-40, ele é visto como um dos chefões mais violentos do México, tendo ajudado a aperfeiçoar a prática de usar a carnificina como mensagem. Treviño enfrenta acusações em tribunais federais no Texas.

Outro dos que foram levados sob custódia por agentes federais americanos foi José Ángel Canobbio Inzunza, supostamente o braço direito de Iván Archivaldo Guzmán Salazar, filho do famoso traficante Joaquín Guzmán Loera (mais conhecido como El Chapo).

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