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Quem são os líderes do Talibã que irão governar o Afeganistão

Candidato mais provável para encarar novo desafio é Haibatullah Akhundzada, estudioso jurídico islâmico de 60 anos

Por Da Redação Atualizado em 17 ago 2021, 17h25 - Publicado em 17 ago 2021, 17h24

A última vez que o Talibã assumiu o controle do Afeganistão, em 1996, estava claro o tipo de governo que seria adotado. Na época, Cabul era uma cidade composta por uma população pequena, faminta e assustada. Além disso, o desenvolvimento econômico era mínimo: não havia telefone e o transporte público estava limitado a veículos antigos vindos de outros países. Desse modo, o caminho estava aberto para que mulá Mohammed Omar, líder do grupo desde a sua fundação, dois anos antes, pudesse governar como bem entendesse. 

As circunstâncias atuais, no entanto, são diferentes. De 2001 para cá, data em que os Estados Unidos ocuparam o país e afastaram os fundamentalistas do poder, a capital afegã se desenvolveu e se tornou uma grande metrópole com mais de cinco milhões de pessoas. A exemplo de Cabul, todo o Afeganistão se modernizou e, com isso, o modus operandi não poderá ser o mesmo de 25 anos atrás. 

O candidato mais provável para encarar o novo desafio é o líder supremo do Talibã, Haibatullah Akhundzada, um estudioso jurídico islâmico de 60 anos que assumiu o poder após a morte de seu antecessor, Akhtar Mansour, em um ataque com drones orquestrado pelos EUA em 2016.

Nascido em Panjwai, distrito próximo da cidade de Kandahar, uma das maiores do país, Akhundzada faz parte da comunidade pashtun, que reivindicou o direito de governar o Afeganistão. Durante a década de 1980, ele liderou um grupo de jovens para lutar contra as forças soviéticas em território afegão que mais tarde se tornou o primeiro núcleo do Talibã. Além disso, o líder estudou em escolas religiosas em seu país de origem e no Paquistão até virar o principal conselheiro de Omar.

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Nos últimos anos, Haibatullah tem sido o principal juiz religioso do grupo, resolvendo questões delicadas ao mesmo tempo que tentava se tornar influente dentro da nação afegã. Conhecido pela personalidade austera, ele ascendeu na cadeia hierárquica de maneira mais rápida do que o normal graças à sua erudição, reputação acadêmica e origem tribal. Sua característica pragmática surpreendeu a todos, permitindo negociações frequentes com os EUA além de estimular que seus comandantes conquistassem comunidades através da disciplina e boa governança. 

A nova forma de governo que deverá entrar em vigor está longe de ser centralizada e o emir contará com outras pessoas para compor o conselho de segurança. Ainda que as principais diretrizes sejam bem estabelecidas e uniformes, os membros logo abaixo de Akhundzada podem usufruir de suas próprias estratégias, redes de conexão e ambições no exterior. 

Atualmente, o conselho conta com três deputados, cada um com sua própria atribuição. O principal deles é mulá Abdul Ghani Baradar, membro original do Talibã. Baradar passou oito anos preso em uma penitenciária no Paquistão até ser solto possivelmente pelos EUA para ajudar nas negociações com os extremistas. Desde então, ele se tornou o embaixador oficial do grupo, conduzindo inúmeras reuniões presenciais com autoridades de países como China e Paquistão. 

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O segundo deles é mulá Mohammad Yaqoob, filho de Omar, que recentemente se tornou o chefe dos militares, responsável por arquitetar a campanha surpreendente que trouxe os talibãs de volta ao poder. Yaqoob chegou a ser indicado para líder supremo em 2016, porém optou por apoiar Akhundzada uma vez que se considerava muito novo e com pouca experiência de campo. 

O terceiro deles é considerado o mais influente e tem ligado o sinal de alerta nas autoridades do Ocidente. Sirajuddin Haqqani é filho de um dos veteranos de guerra que expulsaram as forças soviéticas do Afeganistão na década de 1980. A rede de Haqqani é responsável por dezenas de atentados terroristas realizados em Cabul e em outros lugares do mundo desde 2001.

Além de supervisionar as finanças e os militares nas zonas seguras do Paquistão, ele ainda tem ligações diretas com membros do alto escalão da Al-Qaeda e da inteligência paquistanesa. Ele é um dos mais procurados na lista do FBI e publicou um artigo em 2020 no The New York Times chamado de “O que nós, o Talibã, queremos”.

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Junto com Haibatullah Akhundzada, os três vão desenrolar um grande papel no regime que será estabelecido no Afeganistão após a conquista, embora ainda não seja possível estabelecer de que maneira isso acontecerá.

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