Quatro homenagens controversas feitas por líderes nacionais
Em retribuição ao apoio dado a Richard Nixon, o cantor Elvis Presley recebeu do então presidente americano um distintivo da agência de combate às drogas
– De Netanyahu para Trump
No domingo 16, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu divulgou que um novo assentamento nas Colinas de Golã terá o nome do presidente dos Estados Unidos. A homenagem a Donald Trump se dá porque o americano reconheceu a soberania de Israel sobre o território ocupado pelo país na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Há um consenso internacional de que a região pertence à conflagrada Síria. Apesar da placa gigante que se vê na foto acima, ainda não existe orçamento ou planejamento para o assentamento.
– De Maduro para Dudamel
Maestro celebrado no circuito internacional, o venezuelano Gustavo Dudamel acostumou-se ao papel de garoto-propaganda de Hugo Chávez e de seu sucessor, Nicolás Maduro. Em 2013, Maduro declarou que o governo bancaria um centro musical projetado pelo arquiteto Frank Gehry — e que se chamaria La Sala Dudamel. O projeto não saiu do chão, seja porque a Venezuela entrou em colapso, seja porque Dudamel tardiamente rompeu com a ditadura, em 2017.
– De Nixon para Elvis
Na contramão do rock de protesto, Elvis Presley foi à Casa Branca prestar apoio a Richard Nixon, em 1970. Entregou ao presidente uma carta em que denunciava as drogas e a lavagem cerebral comunista. Ganhou de presente um distintivo da agência de combate às drogas — fajuto, claro, mas que Elvis imaginava ser real.
– De Jânio para Che Guevara
Pode ter sido a atitude mais inusitada nos sete meses de mandato de Jânio Quadros: em agosto de 1961, dias antes de renunciar, o presidente anticomunista condecorou o guerrilheiro (sanguinário) Che Guevara, então ministro (inepto) da Indústria de Cuba, com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta distinção do Brasil para estrangeiros.
Publicado em VEJA de 26 de junho de 2019, edição nº 2640