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Qual foi o conclave mais longo da história?

Eleição do sucessor de papa Francisco pode se arrastar, mas não tanto quanto um episódio marcado pro tramoias no século XIII

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 Maio 2025, 12h52

O secretíssimo processo para eleger o sucessor do papa Francisco vai começar na próxima quarta-feira, 7 de maio. Não é possível cravar em quanto tempo os 133 votantes do colégio cardinalício vão chegar à conclusão que substituirá a fumaça escura pela branca na chaminé da Capela Sistina – desde o início do século XX, a média é de três dias, mas fatores como a diversidade de perfis e a falta de convivência entre os membros da elite da Cúria Romana (uma vez que o falecido pontífice fez sua missão nomear clérigos de todo canto do mundo, que não vivem em Roma ou sequer na Europa), pode prolongar a escolha. Não tanto, é claro, como foi no conclave mais longo da história.

Em novembro de 1268, após a morte do papa Clemente IV, os cardeais da Igreja Católica se reuniram em Viterbo, Itália, a cerca de 110 quilômetros de Roma, para votar em um sucessor. O processo, porém só terminou em 1271 – dois anos e nove meses depois, ou exatos 1.000 dias.

Divisões profundas entre os cardeais, particularmente entre as facções francesa e italiana, causaram um impasse. Os membros do colégio cardinalício estavam divididos entre duas poderosas famílias italianas: os Guelfos, que apoiavam o papa, que é o líder espiritual da Igreja Católica; e os Gibelinos, que colocavam-se ao lado do Sacro Imperador Romano, o líder secular do grupo de regiões da Europa Central que formava um império na época.

O impasse era intransponível, os desentendimentos se arrastavam. Frustrados, os cidadãos de Viterbo decidiram dar um basta na situação e trancaram os cardeais no Palácio Episcopal da cidade. E mais: os deixaram sob severas restrições de comida e conforto, chegando a remover o teto para expô-los ao frio e chuva, na esperança de agilizar o processo.

O lado dos Guelfos acabou por prevalecer, e os cardeais finalmente elegeram o papa Gregório X em 1º de setembro de 1271.

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Inspirado por esse episódio, Gregório oficializou, em 1274, as regras do conclave — do latim cum clave (“com chave”), em referência ao isolamento para evitar pressões externas. Mesmo assim, dois outros conclaves, que terminaram em 1316 e 1417, duraram dois anos ou mais.

Em 1417, a situação era particularmente periclitante. Cerca de quarenta anos antes, a Igreja se fragmentou com três papas simultâneos, período que ganhou o nome de o Grande Cisma do Ocidente. Na ocasião, representantes das cinco principais nações católicas integraram excepcionalmente o processo eleitoral, resgatando uma antiga prática de participação popular, embora a regra tenha vigorado apenas para aquele pleito.

O conclave mais curto, por sua vez, durou apenas algumas horas, em 31 de outubro de 1503. Na época, Giuliano della Rovere era um cardeal poderoso e amplamente favorecido — ele foi eleito quase imediatamente após a abertura do conclave, adotando o nome de papa Júlio II. Não deve ser o caso desta vez, mas não será uma escolha elementar: com o campo fragmentado, o sucessor de Francisco é incerto. Há alguns favoritos, mas, como diz o ditado, quem entra papa no conclave, sai cardeal.

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