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Qual é o patrimônio deixado por José ‘Pepe’ Mujica, o ‘presidente mais pobre do mundo’?

Uruguaio era conhecido pelo estilo de vida franciscano, abrindo mão de luxos, doando o salário e vivendo no campo até o fim de sua vida

Por Júlia Sofia SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 14 Maio 2025, 15h26 - Publicado em 14 Maio 2025, 15h08

O ex-presidente do Uruguai José 'Pepe' Mujica — José Mujica, ex-presidente do Uruguai, faleceu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos (Roberto Serra/Iguana Press/Getty Images)

José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, morreu na terça-feira 13, aos 89 anos, em sua chácara na zona rural de Montevidéu, após complicações de um câncer de esôfago. Ícone da esquerda na América Latina, conhecido por sua austeridade e apelidado de “o presidente mais pobre do mundo”, ele manteve até o fim um estilo de vida simples, e deixou um patrimônio modesto, compatível com os ideais que defendeu.

Embora tenha comandado um país, Mujica viveu como um homem comum. Sua última declaração oficial de bens, apresentada em 2014 ao Tribunal Eleitoral uruguaio, estimava seu patrimônio em cerca de R$ 716 mil. O documento listava uma chácara avaliada em R$ 434 mil, metade de dois terrenos avaliados em R$ 53 mil, dois carros no valor de R$ 10,5 mil e maquinário agrícola, como tratores e uma serraria, somando pouco mais de R$ 42 mil. Também constavam duas contas bancárias com depósitos que somavam R$ 231 mil.

Durante seu mandato presidencial (2010–2015), Mujica recusou-se a viver no palácio oficial, preferindo a vida no campo. Do salário mensal de cerca de R$ 28 mil que recebia como presidente, doou a maior parte – cerca de 90% – aos mais pobres e pequenos empresários.

Só para o Plano Juntos, programa de habitação popular, destinou mais de R$ 570 mil, além de ter cedido maquinário agrícola para auxiliar na construção das moradias. Contribuiu ainda com cerca de R$ 192 mil à Frente Ampla, coalizão de esquerda que ajudou a fundar e que governou o país por mais de uma década.

Um dos símbolos de seu estilo de vida era seu famoso Fusca azul, modelo 1987. Em 2015, um xeque árabe ofereceu US$ 1 milhão pelo veículo. Mujica avaliou aceitar a oferta para doar o dinheiro para fins sociais, mas grupos de uruguaios lhe pediram que não o vendesse, pois era um “símbolo nacional”. O Fusca ficou, e o líder disse que não o venderia enquanto estivesse vivo.

Não há informações sobre possíveis alterações no patrimônio de Mujica desde sua última declaração oficial em 2014 até seu falecimento.