Putin: mulher precisa de aparelho de ginástica, massagista e pretendente
Dois anos depois de descriminalizar a violência doméstica, líder russo elogia policiais por desestimularem suicídios em parques do país

Feriado nacional na Rússia, o Dia Internacional da Mulher contou com a tradicional homenagem do presidente Vladimir Putin, televisionada pela rede estatal, com frases piegas e um conselho nada sensível para o público-alvo. “Do que uma jovem precisa para manter sua forma? Três coisas: um aparelho de ginástica, um massagista e um pretendente”, disse ele, em conversa informal com as funcionárias nesta sexta-feira, 8.
O líder russo elogiou as mulheres russas por sua “beleza, inteligência e charme”. Em uma espécie de autocrítica, ele ainda fez um mea-culpa às russas. “Nós, homens, devemos admitir que não é sempre fácil ser merecedor de vocês”, afirmou em discurso de celebração da data. “Mas nos esforçaremos para que vocês sintam nosso ombro companheiro, sintam que nós sempre valorizamos e amamos vocês, não apenas nas datas comemorativas”, continuou.
Na Rússia, é tradicional que as mulheres ganhem flores no dia 8. Neste ano, até mesmo militares do Esquadrão Antibombas foram mobilizados para a tarefa de entregar tulipas às russas, em um vídeo postado pelo Ministério de Emergências do país.
“Este dia da primavera é sempre repleto de flores e presentes, que seja repleto pela alegria de nossas mulheres e seus belos sorrisos”, tentou o presidente russo.
Na quinta-feira 7, às vésperas das comemorações, Putin visitou um comando policial feminino e andou a cavalo com algumas das oficiais. Ele também disse às policiais que suas vigílias nas reservas ambientais de Moscou ajudam na redução do número de suicídios. “Aqueles que estavam prontos para cometer suicídio olham para vocês e desejam viver de novo.”
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Apesar do caráter pouco político das celebrações do Dia Internacional da Mulher na Rússia, houve atos isolados. O movimento “It’s Not Her Fault” (“Não é culpa dela”, em tradução livre), inclui concertos, saraus e outras exibições artísticas no país e vizinha Belarus para angariar fundos em prol das sobreviventes de abusos.
A estimativa é que pelo menos 8.000 mulheres russas morrem anualmente por ferimentos causados por seus parceiros. Os números estão aumentando desde 2017, quando Putin assinou uma lei descriminalizando parcialmente a violência doméstica. A legislação somente considera como crime a agressão se resultar em marcas no corpo da vítima e/ou ossos quebrados e se ocorrer mais de uma vez ao ano.