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Putin diz que EUA e Otan querem empurrar Rússia para uma guerra

Em primeira fala pública sobre Ucrânia desde dezembro, presidente russo disse esperar que diálogos continuem, apesar de não cumprimento de exigências

Por Matheus Deccache 1 fev 2022, 16h40

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira (1) que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte, principal aliança militar ocidental, ignoraram as principais demandas de segurança feitas pelo Kremlin, o que por sua vez arriscaria uma guerra com Moscou. Essa é a primeira vez que o chefe de Estado russo fala publicamente sobre a crise envolvendo a Ucrânia desde dezembro. 

Em seu discurso, Putin acusou os americanos de incitarem a Rússia a um confronto armado que o país não deseja, alertando que, apesar dos pedidos ainda não terem sido cumpridos, espera que os diálogos continuem. 

“A sua tarefa mais importante é conter o desenvolvimento da nossa nação e a Ucrânia é apenas mais um instrumento para atingir esse objetivo”, disse em entrevista à imprensa em Moscou junto ao premiê da Hungria, Viktor Orbán. “Isso pode ser feito de diferentes maneiras, como nos puxar para algum conflito armado e depois forçar seus aliados europeus a decretarem essas duras sanções que estão sendo discutidas por eles”. 

O Kremlin é contra a possível adesão de Kiev à aliança militar da Otan e vem alertando que uma adesão terá consequências graves. A Otan, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos 30 aliados da Otan e pela Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira com a Ucrânia para preparar um ataque.

Os Estados Unidos ameaçam a Rússia, prometendo uma “forte resposta” caso o exército russo invada a Ucrânia. Moscou, do outro lado, negou planos de invadir o país vizinho, mas há intensa movimentação militar na região.

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As avaliações mais recentes da inteligência dos EUA colocam mais de 50 grupos táticos russos enviados dentro e nos arredores da fronteira com a Ucrânia, enquanto a avaliação mais recente do Ministério da Defesa ucraniano diz que a Rússia já enviou mais de 127.000 soldados à região.

Putin afirmou ainda que uma eventual adesão do país vizinho à Aliança é uma ameaça não apenas à Rússia, mas também a todos os países do mundo. Segundo ele, uma Ucrânia fortalecida pela aliança com o ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado entre a Rússia e a Otan. 

“Se olharmos para todas essas situações de maneira profunda e séria, fica claro que, para evitar um desenvolvimento negativo, os interesses de todos os países, incluindo os da Rússia, devem ser levados em consideração”, disse o presidente. 

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Na última semana, os Estados Unidos e a Otan enviaram uma resposta por escrito às demandas feitas por Moscou. Apesar de o documento ainda não ter sido respondido de maneira oficial, Putin disse ter ficado claro que as principais preocupações russas foram ignoradas.

Mesmo realizando críticas aos americanos, o chefe de Estado russo não repetiu as mesmas ameaças feitas em dezembro e fez questão de soar mais otimista, descrevendo que a diplomacia está em andamento. Na época, chegou a dizer que “os EUA vieram com os mísseis para a porta da nossa casa e vocês exigem garantias de nós? Vocês deveriam nos dar garantias imediatamente”. 

Em um sinal de mudança de tom, ele disse também que o presidente francês, Emmanuel Macron, pode visitar Moscou em breve.

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“Espero que eventualmente nós possamos encontrar uma solução, embora não seja fácil. Mas para falar hoje sobre o que irá acontecer, é claro que não estou pronto para isso”, disse.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que a Rússia ainda está trabalhando em uma resposta formal para as propostas americanas e que elas estarão prontas assim que o presidente conseguir.

Em meio a respostas e posições contraditórias, o número de tropas russas próximas à fronteira continua a aumentar, inclusive em Belarus, ao norte. No entanto, o Kremlin diz que as tropas reunidas no país aliado participarão de exercícios militares rápidos entre 10 e 20 de fevereiro.

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