Putin contradiz Trump e rejeita força de paz europeia na Ucrânia
Presidente dos EUA havia dito ao lado de Macron que concordava com envio de soldados após o fim da guerra; Ataque russo gera caos em Kiev

O governo da Rússia voltou a destacar nesta terça-feira, 25, que rejeita a implementação de uma força de manutenção de paz com soldados europeus na Ucrânia após o fim da guerra. A declaração contradiz uma afirmação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que disse na véspera que Moscou estaria aberta à iniciativa.
Vladimir Putin, presidente russo, disse repetidamente que se opõe a ver tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em solo ucraniano. Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, qualificou a medida de uma “ameaça direta” à soberania da Rússia, mesmo que, uma vez na Ucrânia, os soldados operassem sob uma bandeira diferente.
Questionado sobre o comentário de Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se absteve de contradizer explicitamente o presidente americano, mas reafirmou a oposição russa à ideia.
“Há uma posição sobre esse assunto que foi expressa pelo ministro das Relações Exteriores russo, Lavrov. Não tenho nada a acrescentar a isso e nada a comentar”, disse Peskov.
Na segunda-feira 24, Trump afirmou, em entrevista ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, que tanto ele quanto Putin aceitaram a ideia de forças de paz europeias após um acordo para encerrar a guerra. “Sim, ele aceitará isso. Eu perguntei especificamente a ele essa pergunta. Ele não tem problema com isso”, afirmou o americano.
Questão da Europa
A Europa, bem como a própria Ucrânia, foram escanteadas dos estágios iniciais das conversas entre Washington e Moscou sobre o fim da guerra. Nesta terça, porém, Putin deu a entender que as tratativas mal começaram – e que seria “lógico” um envolvimento europeu.
Putin afirmou à televisão estatal russa que Trump está abordando o conflito Rússia-Ucrânia de forma racional, e não emocional, mas deu a impressão de uma solução pode não estar tão próxima quanto o americano gostaria. Ele confirmou que tanto sua conversa telefônica com o colega quanto as recentes conversas entre as delegações dos países na Arábia Saudita abordaram a questão, “mas não foi discutido em detalhes”.
“Para resolver questões complexas e bastante agudas, como as relacionadas à Ucrânia, tanto a Rússia quanto os Estados Unidos devem dar o primeiro passo. Nós apenas concordamos que iríamos em direção a isso”, disse ele.
O presidente russo acrescentou que “não estamos recusando a participação de países europeus”, mas as próximas rodadas de conversas e contatos de alto nível serão dedicadas a construir uma confiança – só depois a presença de parceiros europeus será “lógica”.
“A participação deles no processo de negociação é necessária. Nunca rejeitamos isso, mantivemos discussões constantes com eles”, garantiu.
Ataques à Ucrânia
Enquanto isso, um ataque aéreo russo feriu uma mulher de 44 anos e danificou casas na região de Kiev, disse Mykola Kalashnyk, governador da região que circunda a capital ucraniana, na manhã desta terça-feira.
Toda a Ucrânia ficou sob alerta de ataque aéreo nas primeiras horas do dia, quando a força aérea ucraniana alertou sobre um ataque de míssil russo. A vizinha Polônia despachou aeronaves para garantir a segurança de seu espaço aéreo. A Rússia disse que suas unidades de defesa aérea interceptaram e destruíram 19 drones ucranianos durante a noite.
Dezesseis deles estavam sobre Bryansk, disse o Ministério da Defesa de Moscou. A Ucrânia teve sucesso em atingir alvos militares e industriais na região, incluindo infraestrutura de petróleo.