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Protocolos dos cretinos de Sião

Sob o pretexto de criticar Israel, antissemitas dão as caras

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 22 fev 2019, 10h53 - Publicado em 22 fev 2019, 07h00

Dá vergonha do ser humano ver o longo e degradante minuto em que Alain Finkielkraut foi xingado numa rua de Paris por um grupo de coletes-­amarelos. Veterano da turma dos novos filósofos, intelectuais franceses que há três décadas romperam com o marxismo, deixaram o cabelo crescer e viraram celebridades, ele assistiu com um ricto levemente irônico à saraivada de insultos. “Sionista de m****”, “Volta para Israel”, “*** sua mãe”, “Racista”. De barba salafista, um dos agressores puxava o lenço palestino no pescoço para enfatizar: “A França é nossa, é nossa”. E mais: “Você vai morrer, Deus vai castigá-­lo, você vai para o inferno, sionista”.

Como convém a um velho filósofo e polemista profissional, Finkielkraut disse que não se sentia vítima e não pretendia processar os xingadores. “Não estou aqui para punir, mas para compreender”, filosofou, apenas algo surpreso com o fato de que os coletes-­amarelos não soubessem que ele apoia, criticamente, o movimento, que começou como um sopro de ar fresco vindo da “França dos excluídos” e agora derrapa na violência niilista e no velho ar viciado do antissemitismo, com novas feições.

“Existe um novo antissemitismo, que não deve ser confundido com o dos anos 30, com uma mistura de gente da periferia e da extrema esquerda”, analisa Finkielkraut. Foi um colega dele, o igualmente descabelado Pascal Bruckner, quem pesquisou as raízes do islamoesquerdismo, a bizarra porém onipresente aproximação entre esquerdistas de manual, que sonham derrubar o capitalismo usando a imensa “mão de obra” muçulmana, e o fundamentalismo islâmico, aliado de circunstância do progressismo, do qual empresta conceitos nobres para infiltrar a causa teocrática em países ocidentais.

Bruckner identificou a origem dessa tática entre os trotskistas da Grã-Bretanha. O casamento entre extrema esquerda e islamismo provocou o “racha” de sete parlamentares britânicos que deixaram o Partido Trabalhista por divergências insuperáveis com Jeremy Corbyn, o maior representante do antissemitismo que ousa dizer o seu nome sob o esfarrapado disfarce dos ataques a Israel.

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“Quer dizer que não se pode criticar Israel?”, perguntam, com falsa inocência, antissemitas como Ilhan Omar, uma das estrelas do trio de jovens deputadas de esquerda eleitas para o Congresso americano. Bonita e descolada, com conhecimento da cultura popular para associar uma música do rapper Puff Daddy ao poder de influência do lobby judaico — “It’s all about the benjamins, baby”, tuitou ela, referindo-se à gíria para a nota de 100 dólares, que traz o retrato de Benjamin Franklin —, Ilhan depois se fez de arrependida. Não é a primeira vez nem será a última. Do Congresso americano ao Parlamento britânico, chegando às ruas da França, onde o agente russo Matvei Golovinski forjou há mais de 100 anos os até hoje tóxicos Protocolos dos Sábios de Sião, a besta está disfarçando cada vez menos.

Publicado em VEJA de 27 de fevereiro de 2019, edição nº 2623

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