Protestos por morte de George Floyd terminam em confrontos nos EUA
Vídeo que mostra o homem negro algemado sendo sufocado provocou manifestações em diversas cidades americanas; policiais foram demitidos
“Eu não consigo respirar”. A frase repetida por George Floyd pouco antes de morrer, enquanto um policial pressionava seu pescoço contra o chão com o joelho, se repetiu em inúmeros cartazes durante protestos contra a morte do homem negro de 46 anos, ocorrida na última segunda-feira, 25, em Minneapolis, nos Estados Unidos. Desde então, cidades americanas têm sido palco de manifestações contra o abuso da força policial. Nesta quarta-feira 27, as atitudes pacíficas deram lugar a vandalismo e violência. Houve saques, prédios em chamas e confronto entre a polícia e manifestantes.
Segundo relatos da imprensa americana, os protestos em Minneapolis foram os mais tensos e a policia chegou a utilizar balas de borracha e gás lacrimogênio. De acordo com a CNN, a polícia informou que um homem foi morto a tiros durante os confrontos. O governador local, Tim Walz, alertou para a ” situação extremamente perigosa ” e pediu aos manifestantes que permaneçam em paz, um apelo ecoado pelos membros da família de Floyd.
O caso chocante foi imediatamente comparado ao de Eric Garner, um negro que morreu ao ser preso em 2014, em Nova York. Assim como Floyd, Garner estava desarmado e repetiu diversas vezes “Não consigo respirar”, enquanto era sufocado por um policial. “Executaram meu irmão em plena luz do dia. Estou cansado de ver pessoas negras morrendo”, afirmou Philonise Floyd, irmão da vítima, à CNN.
Outros protestos foram registrados em outras cidades, como Los Angeles onde manifestantes chegaram a atacar um carro da Patrulha Rodoviária da Califórnia. “Manifestações pacíficas são uma marca registrada do nosso país. A violência é injustificada e tira a força da mensagem. Peço a todos nós que protestemos pacificamente em prol da segurança pública de todos”, disse o xerife do condado de Los Angeles, Alex Villanueva, em comunicado.
Policiais demitidos
O vídeo em que Floyd é sufocado por um policial, mesmo estando algemado, pouco antes de ser declarado morto em um hospital local, rapidamente ganhou as redes sociais e chocou o país. Os quatro policiais envolvidos na ação foram demitidos do Departamento de Polícia de Minneapolis e serão acusados formalmente de assassinato pela família da vítima. O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, condenou publicamente a ação.
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Clique e Assine“Por cinco minutos seguidos, um policial branco em nosso departamento de polícia pressionou o joelho contra o pescoço de um homem negro algemado, que não era uma ameaça e estava articulando muito claramente como sua saúde física estava sendo prejudicada e como ele não conseguia respirar”, disse, na quarta. Frey pediu que acusações criminais sejam abertas contra o policial que se ajoelhou contra o pescoço de Floy, identificado como Derek Chauvin, por seu advogado, Tom Kelly.
“Nas últimas 36 ou 48 horas, tenho me perguntado a questão subjacente principal: ‘Por que o policial que matou George Floyd não está na prisão agora?’ E não posso responder a essa pergunta “, completou Frey. Os outros três policiais foram identificados pela polícia como Thomas Lane, Tou Thao e J. Alexander Kueng.
No dia da ocorrência, a polícia de Minneapolis emitiu um comunicado informando que Floyd morreu “após um incidente médico durante uma interação policial”, depois de resistir a ordem da polícia para que deixasse o seu carro. A ação policial investigava uma denúncia de que um homem tentava usar cartões falsos em uma loja de conveniência. Ainda segundo a versão policia, Floy “parecia estar intoxicado”.
Donald Williams, uma testemunha do incidente, disse à CNN que estava prestes a entrar em uma loja quando notou um burburinho próximo. Ele disse que viu Floyd com o nariz sangrando, “ofegando por sua vida, implorando por seu perdão”, descrição que corresponde com o vídeo que viralizou nas redes sociais. A polícia de Minneapolis ainda não divulgou imagens de câmeras corporais dos policiais envolvidos e diz estar investigando o caso.