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Protestos causam morte de 80 pessoas na Etiópia e militares são acionados

Os protestos foram desencadeados pelo assassinato do músico e ativista Haacaaluu Hundeessaa, que defendia a maior inclusão da etnia Oromo no poder

Por Da Redação
1 jul 2020, 19h24

As Forças Armadas da Etiópia foram convocadas nesta quarta-feira, 1, na capital, Addis Abeba, após mais de 80 pessoas morrerem no primeiro dia de protestos pelo assassinato do músico Haacaaluu Hundeessaa, da etnia Oromo. Ele era considerado um símbolo de resistência ao governo etíope. As manifestações se tornaram a mais novo episódio a atingir a reputação do premiê Abiy Ahmed, Nobel da Paz de 2019.

As autoridades etíopes anunciaram que mais de 80 pessoas morreram na terça-feira 30 na região de Oromiya, onde fica Addis Abeba. Dentre os mortos, estavam 78 civis e três membros das forças de segurança etíopes. Além disso, três explosões causaram um número não especificado de mortes.

“Tivemos uma reunião com a comunidade e nos disseram para nos armarmos com tudo o que temos, incluindo facões e paus. Não confiamos mais na polícia para nos proteger, por isso temos que nos preparar ”, disse um morador de Addis Abeba à agência de notícias Reuters.

Tiros ecoavam por muitos bairros e gangues armadas com facões e paus percorriam as ruas. Pelo menos seis testemunhas descreveram cenas de jovens oromos brigando contra pessoas de outros grupos étnicos e a polícia.

Motivo que desencadeou a atual onda de violência na região, o assassinato de Hundeessaa ocorreu na noite da segunda-feira 29. Ele foi baleado em um condomínio em Addis Abeba. A polícia afirmou ter prendido muitos suspeitos, mas ainda não concluiu o caso.

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“Estamos esperando relatórios de uma investigação completa sobre esse ato perverso”, disse Ahmed. “Vamos expressar nossas condolências, mantendo-nos seguros e evitando novos crimes”, acrescentou o premiê, que é o primeiro chefe de governo oromo em décadas na Etiópia.

Desde que a coalizão política Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope (FDRPE) que é composta por diversos grupos étnicos, incluindo os oromos — chegou ao poder na Etiópia, em 1991, a etnia Tigray esteve no controle até a ascensão de Ahmed à liderança da legenda no início de 2018.

Ativistas oromos defendem que o poder não tem sido repartido de maneira correspondente à demografia etíope. Enquanto o povo Oromo é a etnia majoritária da Etiópia, compondo mais de 30% dos 110 milhões de habitantes do país, os tigrays correspondem a menos de 10% da população.

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Além disso, Haacaaluu, assim como outros ativistas oromos, vinha criticando o governo de Ahmed nos últimos meses principalmente pela sua incapacidade de apaziguar as divisões entre as etnias que formam a base do FDRPE.

Outros críticos de Ahmed, o magnata do ramo das comunicações Jawar Mohammed e o líder de um partido oromo da oposição Bekele Gerba foram presos junto a outras 33 pessoas no contexto dos protestos. 

“Eles não apenas mataram [Hundeessaa]. Eles atiraram no coração da Nação Oromo, mais uma vez !! Você pode nos matar, todos nós, [mas] nunca podem nos parar!”, publicou o comunicador no Facebook na segunda-feira.

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Em 23 de outubro de 2019, após uma série de postagens do magnata na mesma rede social atacando o governo, uma onda de violência na região de Oromiya matou 86 pessoas. Dias antes do episódio, Ahmed ganhara o prêmio Nobel da Paz pelo seu papel na resolução do conflito entre a Etiópia e a vizinha Eritreia.

(Com Reuters)

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