Protesto na China contra contas bancárias congeladas termina em violência
Mais de mil manifestantes se reuniram em frente à filial do Banco Popular da China para tentar recuperar as economias congeladas mantidas em bancos rurais

Um raro protesto em grande escala na província central de Henan, na China, foi interrompido de maneira violenta por seguranças não identificados no último domingo, 10, em meio a uma onda de manifestações por um escândalo financeiro que expôs a fragilidade do sistema bancário do país.
Segundo estimativas não oficiais, mais de 1.000 manifestantes se reuniram em frente à sub-filial do Banco Popular da China em Zhengzhou para tentar recuperar as economias congeladas mantidas em bancos rurais. Em imagens divulgadas nas redes sociais, é possível ver manifestantes segurando cartazes que diziam “Bancos de Henan, devolvam meu dinheiro”, enquanto outros pediam a intervenção direta do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.
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A multidão foi repreendida por seguranças vestindo camisas brancas, que arrastavam e espancavam as pessoas envolvidas. O incidente foi acompanhado pelos usuários da mídia social da China, com vários comentários de usuários pedindo ajuda à embaixada dos Estados Unidos para prestar atenção à situação das vítimas.
Em abril, um grande número de pessoas correram aos bancos para tentar sacar suas economias nos caixas de Henan, desencadeando uma série de manifestações para exigir seu dinheiro de volta. A situação ganhou ainda mais visibilidade em junho, quando alguns chineses relataram que seus códigos pessoais de saúde – que agora são obrigatórios para quase todos os cidadãos acessarem locais públicos – ficaram vermelhos para indicar que eram positivos para Covid.
Em comunicado, o órgão regulador bancário e de seguros de Henan disse que estava acelerando os planos para enfrentar a crise financeira local e “proteger os direitos e interesses legais do público em geral”.
“As autoridades estão apresentando um plano para lidar com a questão, que será anunciado em um futuro próximo”, dizia a nota.
Segundo a polícia da província, relatórios anteriores apontavam que “gangues criminosas” assumiram o controle dos bancos locais e fizeram transferências ilegais por meio de empréstimos fictícios, usando suas participações para assumir efetivamente o controle de vários bancos locais a partir de 2011.
O escândalo abalou os reguladores chineses. Depois que foi divulgado pela primeira vez em abril, a Comissão Provincial de Inspeção Disciplinar de Henan lançou uma campanha especial visando credores rurais, de acordo com o jornal de negócios chinês Caixin, citando fontes familiarizadas com o assunto.
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A investigação lançou uma luz sobre como o Grupo Xincaifu está por trás de mais de 10 bilhões de yuans de empréstimos não pagos ao sistema de crédito rural da província, acrescentando que pelo menos três funcionários também foram investigados pelas agências anticorrupção locais.
No entanto, grande parte da população questiona se o número de perdas deve ser atribuído apenas a um grupo pequeno de pessoas e culpam o governo por “conluio” com os bancos locais para suprimir suas demandas.