Protesto contra lei discriminatória se espalha por universidades na Índia
Policiais trancam instituição de ensino no estado de Uttar Pradesh e reagem com gás lacrimogêneo às manifestações
Protestos contra uma nova lei de cidadania da Índia, que impede a naturalização de muçulmanos, se espalharam por universidades do país nesta segunda-feira, 16. Críticos da legislação acusam o governo nacionalista hindu de impor uma pauta de cunho religioso que se choca com os pilares da fundação do país como república secular.
Na cidade de Lucknow, no estado de Uttar Pradesh, no norte do país, policiais trancaram os portões do Instituto Ulemá Nadwatul, de estudos do Islamismo, para tentar impedir os estudantes se manifestarem nas ruas. Pedras, tijolos e chinelos foram lançados contra as autoridades, segundo a emissora indiana NDTV. Protestos ainda ocorreram na Universidade Central de Hyderabad, na cidade homônima, e em outras instituições de ensino.
A revolta contra o governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, foi atiçada por alegações de brutalidade policial na universidade Jamia Millia Islamia, em Nova Délhi, no domingo 15, quando policiais entraram no campus e dispararam gás lacrimogêneo para interromper um protesto.
Estudantes disseram que as janelas da biblioteca foram quebradas. Eles se protegeram debaixo das carteiras e apagaram as luzes, a conselho dos professores. Ao menos 100 pessoas ficaram feridas.
Cenas semelhantes de choques da polícia contra os manifestantes ocorreram na Universidade Muçulmana Aligarh, também no estado de Uttar Pradesh, onde quase 80% da população é hindu, e 19% muçulmana, de acordo com o Censo de 2011.
Segundo a lei aprovada pelo Parlamento na semana passada, minorias religiosa – como hindus e cristãos – de Bangladesh, Paquistão e Afeganistão – todos de maioria muçulmana – que se estabeleceram na Índia antes de 2015 poderão pleitear cidadania por enfrentarem perseguição nestes países. Com exceção dos que sigam o islamismo. Segundo o governo, a nova lei visa ajudar os grupos minoritários que enfrentam perseguição nos três países.
(Com Reuters)