Produção industrial na China cai com efeitos da guerra comercial
Relatório divulgado na quarta-feira, 30, mostra que a atividade manufatureira chinesa desacelerou em abril, evidenciando o impacto das tarifas

Conflito tarifário entre EUA e China já afeta indústria chinesa, indica relatório oficial divulgado nesta quarta-feira, 30. Três semanas após Washington impor tarifas de até 145% sobre bens chineses, a produção industrial na China sofreu, em abril, sua pior retração mensal em mais de um ano.
O levantamento, conduzido pelo Departamento Nacional de Estatísticas e divulgado nesta quarta-feira, oferece o primeiro panorama oficial do impacto das barreiras comerciais americanas sobre a economia chinesa. Em resposta, Pequim adotou tarifas de até 125% sobre produtos dos Estados Unidos.
O confronto econômico entre as duas potências ameaça desacelerar não apenas suas economias, mas também comprometer a estabilidade global.
Os reflexos já aparecem: a UPS anunciou a demissão de 20 mil funcionários e o fechamento de 73 unidades; a General Motors retirou sua estimativa de crescimento de lucros para o ano, citando os encargos sobre veículos e autopeças; e a confiança dos consumidores americanos recuou ao nível mais baixo em cinco anos.
Mesmo diante das tensões crescentes, nem Washington nem Pequim sinalizam recuo. Em vídeo divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, a China afirmou que “não se submeterá à intimidação”.
Já o presidente Donald Trump, em entrevista à ABC News, acusou o país asiático de “enganar os EUA como ninguém antes” e afirmou que a China “provavelmente irá arcar com os custos das tarifas”, ignorando os alertas de empresários e consumidores sobre os efeitos negativos das medidas.
Guerra comercial ameaça empregos na China, e Pequim tenta estimular consumo interno
Se as exportações chinesas para os Estados Unidos forem reduzidas pela metade, cerca de 5,7 milhões de empregos podem desaparecer imediatamente, segundo estimativa da Nomura Securities divulgada nesta terça-feira. Com o agravamento dos efeitos econômicos no longo prazo, esse número pode chegar a 15,8 milhões.
Para conter os impactos da guerra comercial com Washington, o governo chinês prometeu uma série de medidas voltadas a impulsionar o consumo interno.
Entre as propostas, estão o aumento de subsídios para famílias de baixa renda e melhorias nos benefícios previdenciários para aposentados — uma tentativa de reverter o consumo doméstico persistentemente fraco, pressionado pela crise no setor imobiliário.
Com a demanda interna estagnada, a China tem redobrado sua dependência das exportações como motor de crescimento.
Nesta quarta-feira, o governo chinês aprovou uma nova lei destinada a proteger os direitos das empresas privadas.
A medida busca acalmar o setor empresarial, que vem reclamando de marginalização em meio à crescente ênfase do regime em segurança e controle estatal.