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Príncipe saudita: assassinato de jornalista foi ‘incidente hediondo’

Suspeito de ser mandante da morte de Jamal Khashoggi, Mohammed bin Salman afirmou que a 'Justiça prevalecerá'

Por Da Redação
Atualizado em 24 out 2018, 19h45 - Publicado em 24 out 2018, 16h56

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, descreveu nesta quarta-feira, 24 como “incidente hediondo” o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Essa foi sua primeira reação pública sobre caso. Salman é apontado como um dos suspeitos de ordenar o crime.

Em discurso em um fórum internacional de investimentos em Riad, o chamado Davos do Deserto, o herdeiro do trono do maior exportador mundial de petróleo também disse que “a Justiça prevalecerá” neste caso e que “não haverá ruptura de laços com a Turquia”.

Crítico do governo saudita, Jamal Khashoggi foi assassinado no consulado da Árabia em Istambul em 2 de outubro. A imprensa turca acusou o príncipe Salman de ser um dos mandantes. O crime foi descrito como “assassinato político” pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

Depois de negar o crime e sob crescente pressão internacional, Riad apresentou várias versões para o caso. Primeiro, afirmou que Khashoggi foi morto em uma briga com oficiais consulares. Alguns dias depois, uma autoridade do governo mudou a versão oficial e disse que o jornalista tinha sido assassinado em uma “operação clandestina” não autorizada pela administração saudita.

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Mas as explicações sauditas não convenceram. Céticos, os governos ocidentais e a Turquia exigiram uma investigação “crível e transparente”.

“O incidente é muito doloroso para todos os sauditas. É um incidente hediondo e totalmente injustificável”, declarou Mohammed bin Salman.

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“Muitos estão tentando explorar o caso Khashoggi para criar um antagonismo entre Arábia Saudita e Turquia, mas eles não terão sucesso”, acrescentou o príncipe herdeiro, que conversou por telefone nesta quarta-feira com Erdogan.

Fórum ofuscado

A imprensa turca publicou detalhes macabros do assassinato do jornalista saudita, que colaborava com o jornal americano The Washington Post. Jornais e redes de televisão não hesitaram em apontaram o envolvimento de Mohammed bin Salman no crime.

Riad anunciou prisões e demissões, incluindo dentro dos serviços de Inteligência, e garantiu que todos os envolvidos no assassinato serão responsabilizados.

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Este foi o segundo dia do Future Investment Initiative (FII), fórum boicotado por líderes políticos e empresários ocidentais depois do caso Khashoggi.

Os organizadores sauditas do FII esforçaram-se, contudo, para mostrar que os negócios continuam, anunciando doze “mega-projetos”, no valor de mais de 50 bilhões de dólares, nos setores de petróleo, gás e infraestrutura.

‘Não acabou’

Como primeira retaliação pelo assassinato de Khashoggi, que vivia exilado nos Estados Unidos, o governo americano anunciou a revogação dos vistos dos principais suspeitos do crime, identificados inicialmente como 21 sauditas.

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O Reino Unido fez o mesmo, anunciando o cancelamento de qualquer possível autorização de viagem para os suspeitos do assassinato de Khashoggi.

Aliado próximo de Riad, o presidente americano Donald Trump disse na terça-feira 23 que a operação de dissimulação saudita foi “uma das piores da história” e um “fiasco total”.

Entrevistado pelo The Wall Street Journal sobre o possível envolvimento do príncipe Salman no assassinato, Trump lembrou que o príncipe herdeiro “está no comando” dos assuntos correntes na Arábia Saudita. “Então, se alguém estiver envolvido, deve ser ele”.

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Na Turquia, a agência de notícias estatal Anadolu afirmou que as autoridades sauditas não permitiram que investigadores turcos inspecionassem um poço no jardim do consulado da Arábia Saudita em Istambul.

Essa nova informação foi revelada durante as operações de investigação das autoridades turcas, que ainda procuram o corpo do jornalista assassinado.

(Com AFP)

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