Príncipe saudita acusa Irã por ataques a petroleiros e ameaça revidar
Aliado dos Estados Unidos, governo de Mohammed bin Salman se alinha à retórica de Washington, que diz ter evidência da responsabilidade iraniana
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, acusou o Irã pelos ataques a navios-petroleiros no Golfo de Omã, na quinta-feira 13, e afirmou que não hesitaria em responder às ameaças. As declarações foram publicadas pelo jornal Asharq al-Awsat em sua edição de domingo, 16 (sábado, 15, no Brasil).
“Não queremos uma guerra na região, mas não duvidaremos em enfrentar qualquer ameaça ao nosso povo, à nossa soberania, à nossa integridade territorial e aos nossos interesses vitais”, afirmou, em alinhamento à posição dos Estados Unidos, que acusa a Guarda Revolucionária Iraniana de explodir dois petroleiros no Golfo de Omã.
Segundo Bin Salman, o regime iraniano “não respeitou” a presença em Teerã do primerio-ministro do Japão, Shinzo Abe, e “respondeu a seus esforços diplomáticos atacando dois navios-tanque, um deles japonês”. Abe fizera a primeira visita de um governante japonês desde a revolução Iraniana, em 1979. Seu objetivo era conter a escalada de tensões entre Washington e Teerã, que giram em torno do programa nuclear iraniano e da ação militar do país em conflitos no Oriente Médio.
As Forças Armadas dos Estados Unidos divulgaram na sexta-feira um vídeo para provar sua suspeita de que os ataques foram promovidos pela Guarda Revolucionária Iraniana. As imagens mostram uma equipe de soldados, supostamente iranianos, removendo uma mina naval que não explodiu do navio japonês Kokuka Courageous na quinta-feira. O proprietário da embarcação japonesa, Yutaka Katada, disse que seus marinheiros viram “objetos voadores” antes do ataque, sugerindo que o navio não foi danificado por minas navais.
O Irã nega envolvimento nos ataques e tem cumprido com os limites impostos pelo acordo nuclear de 2015 com seis países, do qual os Estados Unidos denunciaram dois anos depois, por determinação do presidente Donald Trump. Teerã, porém, tem presença nos conflitos no Iraque, na Síria e no Iêmen, além de dar apoio a grupos considerados terroristas pelos Estados Unidos, como o Hezbollah, do Líbano. Persa e xiita, o Irã se rivaliza no Oriente Médio com a Arábia Saudita, árabe e sunita, em um dos confrontos mais graves do mundo muçulmano.
Os ataques aos petroleiros MT Front Altair, de propriedade norueguesa, e Kokuka Courageous provocaram aumento nos preços internacionais do petróleo.
O príncipe Bin Salman continua sob a suspeita da Turquia de ter ordenado o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul, em outubro passado.