Inverno: Revista em casa por 8,98/semana

Primeiro-ministro japonês promete permanecer no cargo após derrota eleitoral

Partido de Shigeru Ishiba perdeu maioria no parlamento, mas ele é auxiliado pelo fato de que oposição está fragmentada

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jul 2025, 08h58 - Publicado em 21 jul 2025, 07h58

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, prometeu nesta segunda-feira, 21, permanecer no cargo, após sua coalizão sofrer uma derrota contundente nas eleições de domingo para a câmara alta do parlamento. Membros de sua própria legenda, o Partido Liberal Democrático (PLD), colocam sua liderança em dúvida, e rivais avaliam uma moção de desconfiança, mas ele é auxiliado pelo fato de que a oposição está fragmentada.

O líder japonês disse em coletiva de imprensa que vai continuar no posto para supervisionar as conversas com os Estados Unidos sobre tarifas e outras questões urgentes, como o aumento da inflação, que está pressionando a quarta maior economia do mundo. O negociador-chefe de tarifas do Japão, Ryosei Akazawa, partiu para Washington nesta manhã, sua oitava visita à capital americana em três meses.

“Permanecerei no cargo e farei tudo o que estiver ao meu alcance para traçar um caminho para a resolução desses desafios”, declarou Ishiba, acrescentando que pretende falar diretamente com o presidente Donald Trump o mais breve possível e apresentar resultados tangíveis das negociações.

Seus dias podem estar contados, no entanto, tendo perdido o controle da câmara baixa, mais poderosa, nas eleições do ano passado e vendo cadeiras na câmara alta subtraídas no domingo 20. Investidores temem que o governo de Ishiba se torne agora mais dependente dos partidos de oposição que defendem cortes de impostos, aumento do orçamento para benefícios sociais – medidas que o país mais endividado do mundo dificilmente pode arcar –, além de endurecer as políticas de imigração.

O líder de 68 anos afirmou não ter planos para expandir sua coalizão, mas que trabalharia com a oposição para abordar as preocupações dos eleitores com a inflação. Ele alertou, porém, que mudanças nas regras tributárias não dariam o alívio imediato que a população busca.

Continua após a publicidade

Avanço da extrema direita

O PLD, que governou o Japão durante a maior parte de sua história pós-Segunda Guerra Mundial, e seu parceiro de coalizão, o Komeito, conquistaram 47 cadeiras de um total de 248 na câmara alta, três a menos que o número necessário para garantir uma maioria.

Yoshihiko Noda, líder da principal força de oposição, o Partido Democrático Constitucional (CDPJ), disse no domingo estar considerando mover um voto de desconfiança no governo Ishiba, justificando que o resultado eleitoral demonstrou que os eleitores já não confiavam nele.

O CDPJ conquistou 22 cadeiras na votação, terminando em segundo lugar.

Continua após a publicidade

Alguns parlamentares do PLD também expressaram dúvidas sobre a permanência de Ishiba no cargo, de acordo com a mídia local. Entre eles estava o ex-primeiro-ministro Taro Aso, líder de uma poderosa facção dentro do partido governista, que disse que “não podia aceitar” a permanência de Ishiba, segundo a TV japonesa Asahi. Membros seniores do partido, incluindo Aso, reuniram-se na noite de domingo para discutir se ele deveria renunciar, informou o jornal Sankei.

O partido de extrema direita Sanseito registrou os maiores ganhos da noite, elevando sua presença na câmara alta de uma para 14 cadeiras. Lançado no YouTube durante a pandemia, disseminando teorias da conspiração sobre vacinas e supostos esquemas das elites globais, o partido ganhou popularidade com a campanha “Japoneses Primeiro” (qualquer semelhança com “América Primeiro”, de Trump, não é mera coincidência) e alertas sobre uma “invasão silenciosa” de estrangeiros.

Arrastando uma retórica antes marginal para o mainstream, seu sucesso pode marcar a chegada de políticas populistas ao Japão, que até agora não conseguiram se enraizar como nos Estados Unidos e na Europa. O líder do Sanseito, Sohei Kamiya, ex-gerente de supermercado e professor de inglês, já havia apontado a Alternativa para a Alemanha (AfD), legenda taxada de “organização extremista” no seu país e vigiada pela polícia pelas ligações com o nazismo, como um possível modelo para o sucesso futuro.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA DE INVERNO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.