Presidente do Equador diz que país vive ‘estado de guerra’
Em entrevista a rádio equatoriana, Daniel Noboa afirmou que decidiu classificar gangues criminosas como terroristas para que exército possa agir
O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou nesta quarta-feira, 10, que o país está em “estado de guerra”. De acordo com a mídia local, após uma onda de violência causada por gangues e fugas de prisões que começou no dia 8 de janeiro, as cidades do país ficaram com ruas desertas.
“Vivemos em um estado de conflito, um estado de guerra, [em que] se aplicam outras leis, aplica-se também o direito humanitário internacional, que é diferente do direito comum do Equador”, afirmou ele em entrevista a uma rádio equatoriana.
Terrorismo
O mandatário declarou que o governo, nessa circunstância, decidiu definir os grupos envolvidos na onda de violência – que inclui carros-bomba, sequestro de policiais nas ruas, fugas detentos perigosos e um ataque a um estúdio de televisão estatal – como terroristas, porque assim podem ser considerados alvos militares.
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Segundo ele, para os criminosos seria melhor que o governo denominasse as 22 facções que atuam no país, ao invés disso, como organizações criminosas. Além disso, Noboa afirmou que ele próprio é o comandante da operação, mas as decisões táticas são tomadas pelo exército.
Deportação de estrangeiros
Noboa também afirmou que o Equador vai começar a deportar os criminosos estrangeiros que cumprem penas de prisão por lá, em especial os colombianos, venezuelanos e peruanos. O político assegurou que cerca de 1.500 presos são naturais da Colômbia, e quando somados aos que nasceram nos outros dois países sul-americanos representam em torno de 90% da população carcerária do país.
Um dos problemas enfrentados pelo Equador é a superlotação das prisões, em sua maioria comandadas por facções criminosas que rivalizam e fazem rebeliões corriqueiras.
Onda de violência recente
O mais recente aumento de violência começou em 7 de janeiro, quando a polícia se mudou para La Regional, uma prisão na cidade de Guayaquil, onde Adolfo Macías Villamar, mais conhecido como “Fito”, um dos maiores gangsters do país estava detido. O plano era transferi-lo para La Roca, uma prisão menor dentro do mesmo complexo, considerada mais segura por abrigar menos presos. Mas, quando a polícia entrou na cela de Fito, encontrou-a vazia.
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Um porta-voz do governo disse que Fito foi avisado sobre sua transferência iminente já no Natal e escapou antes que pudesse ser realocado. Por que o criminoso não queria sair da La Regional? Bom, muitas das alas prisionais que abrigam os membros de gangues mais notórios não são controladas não pelo Estado, mas pelos próprios presos. Em La Roca, ele não poderia, por exemplo, alugar celas individuais, nem contrabandear alimentos, bebidas e drogas.
Ainda não está claro quando, ou como, exatamente ele fugiu, mas dois guardas foram acusados de ajudá-lo. A notícia da fuga, por sua vez, desencadeou rebeliões em pelo menos seis prisões equatorianas, e vários agentes penitenciários foram feitos reféns.