Presidente do Chile diz que Prosul será órgão ‘sem ideologias’
Novo foro vai substituir a Unasul, considerada 'herança' de ex-líderes regionais da esquerda, como Lula e Hugo Chávez
Com a presença do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e de outros governantes de direita da América Latina, o líder do Chile, Sebastián Piñera, afirmou que o Prosul, novo órgão de integração regional criado nesta sexta-feira, será um lugar de discussões “sem ideologias e burocracias” e um “fórum de diálogo franco e direto”.
“Queremos criar um foro de diálogo, de encontro, de coordenação e de colaboração, que favoreça a integração e desenvolvimento dos nossos povos”, disse Piñera, que deixou clara a abertura do novo mecanismo a todos os países latino-americanos.
O Prosul surge para substituir a atual União Sul-americana de Nações (Unasul), idealizada pelos então presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Nestor Kichner, há dez anos. A Unasul, que envolve projetos de integração de infraestrutura e de energia da região, está com seus trabalhos suspensa há dois anos.
A mudança reflete a nova tendência política da América Latina de fortalecimento de governos à direita, que enxergam na Unasul uma “herança” dos antigos líderes de esquerda. O encontro desta sexta-feira em Santiago reúne os países que estão alinhados a esse novo espírito – além de Chile e do Brasil, estão presentes no Palácio de La Moneda os governantes de Argentina, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru.
Em uma transmissão ao vivo no Facebook, na noite de quinta-feira 21, Bolsonaro afirmou que o objetivo do Prosul é “botar um ponto final” na Unasul, que, segundo ele, serve como “nome fantasia” do Foro de São Paulo. O foro foi um grupo criado na década de 90 por partidos progressistas da América Latina e já havia sido mencionado pelo líder brasileiro durante seu encontro com o americano Donald Trump, no início da semana.
Essa é a primeira viagem internacional do presidente Jair Bolsonaro para participar de um órgão regional. Antes, ele compareceu ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e foi aos Estados Unidos para reuniões bilaterais com o governo Trump.
Para Sebastián Piñera, o Prosul deve ter “um compromisso claro com os princípios de liberdade, democracia e respeito aos direitos humanos”. O chileno avaliou o novo fórum como “necessário e urgente”.
Apesar das presenças de peso, a reunião para a criação da entidade também é marcada por ausências relevantes, contrárias à tendência do bloco. À esquerda, os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, do Uruguai, o socialista Tabaré Vázquez, e da Bolívia, Evo Morales, recusaram os convites. O venezuelano Nicolás Maduro não foi convidado.
(Com EFE)