Presidente da Colômbia quebra silêncio sobre eleição de Maduro: ‘Sérias dúvidas’
Gustavo Petro, aliado do regime chavista, pediu que oposição e órgãos independentes permitam 'escrutínio transparente' dos resultados
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, rompeu o silêncio nesta quarta-feira, 31, sobre a contestada reeleição de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais venezuelanas de domingo 28. Em uma postagem no X, antigo Twitter, o aliado do regime chavista pediu que o governo permita que a oposição e órgãos independentes realizem um “escrutínio transparente” dos resultados.
“Convido o governo venezuelano a permitir que as eleições terminem pacificamente, permitindo um escrutínio transparente com contagem de votos, atas e supervisão por todas as forças políticas do seu país e supervisão internacional profissional”, escreveu o mandatário colombiano. “As sérias dúvidas que se estabelecem em torno do processo eleitoral venezuelano podem levar o seu povo a uma profunda polarização violenta”.
Agradecemos a la ONU, OEA, Unión Europea, los Estados Unidos, Brasil, Colombia, Chile, México, Argentina, España, Italia, Portugal, Perú, Costa Rica, El Salvador, Uruguay, Ecuador, Panamá, Guatemala, República Dominicana y Paraguay, por instar al respeto de la voluntad de los…
— Edmundo González (@EdmundoGU) July 31, 2024
Petro também expressou preocupação com as mortes ocorridas por causa da violenta repressão aos protestos populares, que pipocaram devido às acusações de manipulação do resultado pelo regime, além de propor um “acordo entre governo e oposição”.
“Enquanto este processo (escrutínio dos votos) é realizado, a tranquilidade pode chegar às forças cidadãs de oposição e deter a violência que leva à morte até que a contagem termine e as eleições terminem oficialmente”, disse ele. “Propomos respeitosamente chegar a um acordo entre o governo e a oposição que permita o máximo respeito pela força que perdeu as eleições. Tal acordo pode ser entregue como uma Declaração de Estado Unilateral ao Conselho de Segurança das Nações Unidas”, completou.
Em mensagem ao governo dos Estados Unidos, ele pediu que as sanções contra a Venezuela sejam repensadas, afirmando que “o bloqueio é uma medida anti-humana que só traz mais fome e mais violência do que já existe e promove o êxodo em massa de pessoas”.
Aliado incômodo
Os governos de Venezuela e Colômbia retomaram formalmente suas relações diplomáticas depois de três anos de ruptura em 2022, após o esquerdista Petro vencer as eleições contra o anterior governo de direita. Depois disso, o presidente colombiano tornou-se um dos principais interlocutores entre o regime de Maduro, a oposição democrática e os Estados Unidos.
Em outubro do ano passado, Petro foi fundamental para que integrantes do governo de Maduro e da oposição venezuelana se reunissem em Barbados para um acordo democrático, que garantiria respeito às regras nas eleições presidenciais de 2024, com garantias a observadores estrangeiros. O acordo, porém provou-se mero ilusionismo.
Colômbia e Venezuela compartilham uma fronteira de 2.219 km, que tem sido palco de conflitos entre grupos armados, incluindo o Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidentes das Farcs. Além disso, o território colombiano é principal destino dos mais de 7,7 milhões de refugiados venezuelanos.