Portugal tem pior temporada de incêndios da história com recorde de área queimada
Chamas só foram controladas no domingo, 24, depois de destruírem mais de 64 mil hectares, segundo Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SGIF)

Incêndios florestais queimaram 3% do território de Portugal, um novo recorde histórico do país, revelou um relatório provisório do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) nesta segunda-feira, 21. O fogo teve início na aldeia de Piódão, no concelho de Arganil, em 13 de agosto, mas logo se alastrou para os concelhos de Pampilhosa da Serra e Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, além de Seia, Castelo Branco, Fundão e Covilhã, informou o jornal português Publico.
As chamas só foram controladas no domingo, 24, depois de destruírem mais de 64 mil hectares, de acordo com dados do Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SGIF) do ICNF. Ao menos 80 grandes incêndios foram registrados desde o início do ano no país. O incidente em Arganil foi particularmente preocupante, ocupando o posto de pior incêndio de todos os tempos da história de Portugal, à frente do fogo que assolou Vilarinho, no concelho de Lousã, em 2017. Guarda, Viseu e Castelo Branco são os distritos mais atingidos.
Números do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Effis, na sigla em inglês) mostram que o Portugal lidera entre os países da União Europeia (UE) com maior percentual do território em chamas. O país assume a dianteira com 3,04%, quase o triplo da média anual entre 2006 e 2024. Ele é seguido por Chipre (2,30%) e Espanha (0,81%). A Grécia, que também teve de lidar com um fogo incontrolável no último mês, aparece em quinto lugar, com 0,38%, a uma distância e tanto dos índices portugueses.
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Pior temporada de incêndios
Na semana passada, o Effis alertou que a temporada deste ano de incêndios em países-membros da União Europeia já é a pior na série histórica, que começou em 2003. Mais de 1 milhão de hectares foram destruídos pelo fogo até agora, enquanto o índice de poluentes atmosféricos liberados pela queima de florestas quebraram recordes.
Neste ano, as chamas devastaram uma área quatro vezes maior do que a média dos últimos 22. Foram 1.015.024 hectares de terra queimados em poucos meses, superando o recorde anterior, de 2017 (988.544 hectares). Até o momento, mais de uma dúzia morreram em decorrência dos incêndios, mas observadores acreditam que o número vai aumentar devido à liberação de poluentes.
Cientistas alertam que as mudanças climáticas vêm gerando “condições perfeitas” para grandes incêndios florestais, o que pode justificar a alta registrada pelo Effis. Em agosto, diferentes regiões do sul europeu registraram episódios de incêndio florestal, potencializado por uma onda de calor que aumentou as temperaturas da região.