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Por vídeo, Lula discursa diante de Putin no Brics com crítica discreta à guerra na Ucrânia

Fala do petista incluiu apelos contra mudança climática, pedido por saída negociada de conflitos e defesa da taxação dos 'super-ricos'

Por Da Redação 23 out 2024, 08h31

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso nesta quarta-feira, 23, por videoconferência, na reunião da Cúpula do Brics em Kazan, na Rússia. Diante de seu homólogo russo, Vladimir Putin, que está no comando rotativo do bloco, ele falou por sete minutos sobre a importância do combate às mudanças climáticas, defendeu a taxação dos “super-ricos” e fez uma crítica, ainda que discreta, à guerra na Ucrânia ao falar sobre a necessidade de saídas negociadas para os conflitos no Leste Europeu e no Oriente Médio.

O chefe de Estado brasileiro planejava comparecer presencialmente ao evento, mas precisou cancelar a viagem internacional no último sábado 19, após um acidente doméstico. Segundo o Planalto, ele caiu no banheiro do Palácio da Alvorada, bateu a nuca, sofreu um traumatismo craniano e, por recomendação médica, ficou em casa.

Antecedido na série de discursos pelo presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, e seguido pelo presidente da Etiópia, Taye Atske Seto, Lula enfatizou em sua fala temas que apareceram com frequência nas suas últimas participações em fóruns internacionais.

Sobre a crise climática, ele afirmou que o Brics é um “ator incontornável” para cumprir as metas globais do Acordo de Paris, que incluem limitar a elevação da temperatura média global a, no máximo, 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais (entre 1850 e 1900).

“Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje. É preciso ir além dos 100 bilhões (de dólares) anuais prometidos e não cumpridos. E fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos”, cobrou, acrescentando que “também cabe aos países emergentes fazer sua parte” ao lembrar que Belém sediará a COP, cúpula do clima da ONU, em 2025.

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Ele também inseriu no discurso pautas defendidas pelo Brasil enquanto ocupa a presidência rotativa do G20, grupo que reúne as principais economias do planeta e terá sua cúpula entre os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro: a taxação dos “super-ricos” e a criação de uma aliança global para acabar com a fome.

“Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20. Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são fundamentais para a redução das desigualdades, como a taxação dos super-ricos. Nossos países implementaram nas últimas décadas políticas sociais exitosas, que podem servir de exemplo para o resto do mundo”, declarou. “A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já está em fase avançada de adesões. Convido todos a se somarem à iniciativa que nasceu no G20, mas está aberta a outros participantes”, acrescentou.

Crítica discreta

O petista voltou a questionar a ação militar de Israel em Gaza na guerra contra o Hamas e a recente escalada de hostilidades contra o Hezbollah, milícia libanesa aliada ao Irã. Ele afirmou que é “crucial” iniciar negociações de paz, uma necessidade que afirmou se estender ao conflito entre Rússia e Ucrânia.

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“Como disse o presidente Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo. Essa insensatez agora se alastra para Cisjordânia e para o Líbano. Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia”, declarou.

“Muitos insistem em dividir o mundo entre amigos e inimigos. Mas os mais vulneráveis não estão interessados em dicotomias simplistas. O que eles querem é comida farta, trabalho digno e escolas e hospitais públicos de acesso universal e de qualidade. É um meio ambiente sadio, sem eventos climáticos que ponham em risco sua sobrevivência. É uma vida de paz, sem armas que vitimam inocentes”, concluiu.

Lula ainda informou que a presidência do Brasil no Brics, ao longo de 2025, terá como lema “fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável”.

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