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Por que missa conjunta com o papa no Vaticano foi passo marcante para Charles III

O objetivo é tentar avançar no desafio de modernizar a monarquia — enquanto William não vem

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 nov 2025, 08h00

Com a saída de cena de Elizabeth II, após longas sete décadas de reinado fiel às tradições e pródigo em relevar pecados familiares, coube ao novo soberano, Charles III, a inescapável tarefa de modernizar a monarquia britânica e inseri-la nos tempos atuais — tudo isso sem perder um pingo da majestade, essencial para a estabilidade da Coroa. Prestes a completar 77 anos, Charles vai tocando a missão sem grande entusiasmo: acenou para a diversidade étnica na cerimônia de coroação, pediu desculpas às antigas possessões no Caribe pelos danos do colonialismo e até condecorou as meninas do grupo de k-pop Blackpink. No último dia 23, em tom mais sério, o monarca deu um passo tão ensaiado quanto intrépido na trajetória de mudança: na Capela Sistina de Michelangelo, ao lado do papa Leão XIV, rezou uma missa conjunta católico-­anglicana em inglês e em latim.

A cena carregada de simbolismo selou as pazes formais entre as duas religiões meio milênio depois de o rei Henrique VIII romper estrondosamente com o catolicismo de Roma e fundar a Igreja Anglicana, da qual se proclamou líder. “Trata-se de um momento histórico que sinaliza nossa disposição em ver uns aos outros como irmãos e irmãs, apesar das diferenças. É um recado importante para o mundo hoje”, disse Martin Browne, representante do Vaticano. Com o rito, Charles foi mais longe do que a mãe — Elizabeth se encontrou com cinco papas ao longo da vida, mas não rezou com nenhum deles.

EX-DUQUE - Andrew: ostracismo após novas denúncias no caso Epstein
EX-DUQUE - Andrew: ostracismo após novas denúncias no caso Epstein (Justin Goff Photos/Getty Images)

Dias antes, o irmão-problema do rei, Andrew, havia anunciado a decisão de abrir mão do título de duque de York e das honrarias recebidas. “Resolvi, como sempre, colocar em primeiro lugar as minhas responsabilidades para com a minha família e o meu país”, afirmou, negando enfaticamente as acusações que o levaram ao ostracismo. Há anos que o príncipe Andrew é sugado pelo escândalo protagonizado pelo milionário americano Jeffrey Epstein, julgado e condenado por manter uma rede de exploração sexual de garotas, muitas menores de idade, e que depois se matou na cadeia. Nos tempos da rainha, de quem diziam ser o filho preferido, o rolo de denúncias fez com que perdesse os títulos militares e o lugar entre os senior royals, aqueles que efetivamente representam a monarquia.

A situação do príncipe se complicou ainda mais agora, com o lançamento de Nobody’s Girl, autobiografia póstuma de Virginia Giuffre (ela se suicidou em abril, aos 41 anos), a vítima que primeiro e mais insistentemente implicou Andrew no esquema de Epstein. “Ele achava que fazer sexo comigo era seu direito”, relata a certa altura. Seguiram-se novas e sórdidas revelações, como a de que, em 2011, pediu ao policial que fazia sua segurança para desenterrar podres sobre Giuffre (não há indícios de que a ordem foi cumprida). Também veio à tona o fato de haver hospedado Epstein na sua casa para a festa de 18 anos de sua filha Beatrice, dois meses depois de ele ser alvo de um mandado de prisão nos Estados Unidos. “Tudo isso é péssimo para a marca Windsor, que vinha tentando frear os danos recentes à sua imagem”, diz o historiador britânico Ed Owens. Charles, também aí, foi além de Elizabeth ao torcer o braço do irmão para abdicar do título — não por vontade pessoal, segundo as línguas afiadas de prontidão, mas pela necessidade de mostrar que na era carolina essas coisas não são aceitas.

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POPULAR - William: o herdeiro dá pistas de que vai fazer mudanças na sua vez
POPULAR - William: o herdeiro dá pistas de que vai fazer mudanças na sua vez (Chris Jackson/Getty Images)

Há poucos dias, em mais um esforço modernizante, o rei inaugurou o primeiro memorial do país destinado a militares da comunidade LGBTQIA+. Bem que ele se esforça, mas sem grandes resultados. Atualmente, apenas 51% dos britânicos dizem apoiar a manutenção da monarquia, o ponto mais baixo desde o início da série histórica. O próprio Charles viu sua popularidade minguar vinte pontos, também para 51%, desde que foi ungido, há três anos. As esperanças recaem sobre William e Kate, os príncipes de Gales, com aprovação na casa de 65%. Atribui-se a William a pressão decisiva para remover Andrew de vez das atividades reais (foi desconvidado até da missa de Natal) e a renovada campanha para que deixe o Royal Lodge, palacete nas cercanias do Castelo de Windsor, onde mora com a ex-­mulher, e agora ex-duquesa, Sarah.

Em entrevista neste mês ao ator Eugene Levy para a série O Viajante Relutante, que viralizou porque ele chegou de patinete elétrico (mais moderno, impossível), o herdeiro do trono declarou em alto e bom som: “Mudanças não me assustam”. Segundo os tabloides, estão na sua mira a redução da pompa e o enxugamento de cargos cerimoniais. Mais retumbante ainda é a suposta disposição de remover títulos concedidos ou adquiridos ao nascer — caso de príncipe e princesa — das filhas de Andrew e, pasmem, do irmão Harry e toda a família dele. Para isso precisaria se acertar com o Parlamento, que tem essa prerrogativa. Seria o passo mais ousado na faxina real.

Publicado em VEJA de 31 de outubro de 2025, edição nº 2968

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