Por que a oposição diz que houve fraude nas eleições da Venezuela?
Edmundo González, candidato da oposição, afirmou que 'todas as regras foram violadas nesta eleição'
A vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela, proclamada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) nesta segunda-feira, 29, provocou questionamentos da oposição e da comunidade internacional sobre uma possível fraude no processo eleitoral.
Assim como acontece no Brasil, os venezuelanos votam em urnas eletrônicas. A diferença, no entanto, é que um recibo com o nome do candidato escolhido é impresso após o voto e depositado em uma urna física. Esse processo não é feito em todas as mesas de voto, mas em cerca de 16 mil das mais de 30 mil mesas que compõem o processo eleitoral, escolhidas através de um sorteio.
Ao final da votação, todos os centros eleitorais emitem uma ata mostrando a quantidade de votos obtida por cada candidato. O documento deve ser visto por testemunhas credenciadas de vários partidos. A oposição, que rejeitou a vitória de Maduro, estava certa de que iria ganhar, pois a maioria das atas divulgadas apontavam uma vitória esmagadora de seu candidato, o diplomata Edmundo González Urrutia.
Acusação de fraude
Em vários centros eleitorais, no entanto, as testemunhas da oposição foram impedidas de ver as atas, irregularidade que fez com que González alegasse que “todas as regras foram violadas nesta eleição, a ponto de a maioria das atas não ter sido entregue”. A oposição também afirmou que algumas atas eleitorais não foram transmitidas ao CNE, mas não apresentou provas para a acusação.
A líder oposicionista María Corina Machado, impedida de concorrer pelo regime chavista, afirmou que ainda está recebendo as atas eleitorais transmitidas pelo CNE “e todas as informações apontam que Edmundo recebeu 70% dos votos e Maduro 30% dos votos, essa é a verdade”.
Após acusarem o presidente bolivariano de fraudar as eleições, a oposição declarou a vitória de González. “A Venezuela tem um novo presidente eleito, e é Edmundo González”, disse Machado cerca de uma hora depois do anúncio do resultado. “Hoje os derrotamos com os votos em toda a Venezuela. Isso também sabem os membros do Plano República, os militares. O dever da Força Armada Nacional é fazer respeitar a soberania do voto”, completou.