Por ordem de Milei, delegação argentina deixa cúpula climática da ONU
Comissão enxuta compareceu à COP 29, no Azerbaijão. O ultraliberal é tão cético em relação às ações climáticas quanto Trump, com quem se encontra nesta semana
A já reduzida delegação argentina que compareceu nesta semana à COP29, cúpula climática anual das Nações Unidas que foi sediada pelo Azerbaijão, deixou as sessões nesta quarta-feira, 13, por ordem do governo de Javier Milei. O ultraliberal tem uma abordagem cética quanto às políticas de combate às mudanças climáticas, convergindo com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem se encontrará ainda nesta semana.
Ao contrário do governo do presidente cessante, o democrata Joe Biden, Trump voltou a ameaçar abandonar completamente o Acordo de Paris, como fez em seu primeiro mandato. O pacto assume um compromisso global de limitar o aquecimento do planeta a, no máximo, 2ºC acima dos níveis pré-industriais.
Milei, líder da extrema direita argentina, também ameaçou sair do acordo durante sua campanha eleitoral, mas recuou. Anteriormente, ele afirmou que a crise climática é uma “mentira socialista”. (Caiu bem com Trump: num telefonema na terça-feira 12, os dois conversaram e o republicano disse ao seu homólogo argentino que ele era seu “presidente favorito”, segundo um porta-voz da Casa Rosada).
O que aconteceu
Como não existe mais um Ministério do Meio Ambiente desde o início do governo Milei, a presença de uma delegação na cúpula já era incerta. Segundo o jornal argentino Clarín, diplomatas do Palácio de San Martín foram proibidos de ir ao encontro, e a representação acabou sendo composta por técnicos .
Agora, mesmo o pequeno grupo abandonou o encontro para “não atrapalhar as negociações e decisões com as quais não concorda”, informou o Clarín. Mariángeles Bellusci, embaixadora argentina no Azerbaijão, também foi vista na reunião. O jornal argentino acrescentou que a delegação nem pôde entrar no estádio olímpico onde acontece a cúpula enquanto aguardava a ordem de Buenos Aires.
A decisão de retirar os enviados argentinos do Azerbaijão causou choque nos dois grupos de negociação dos quais o país participava: o grupo do sul, com Brasil, Uruguai e Paraguai, e o G77 mais China (coalizão de nações em desenvolvimento).