População da Ucrânia encolheu em 10 milhões de pessoas desde invasão russa, diz ONU
Queda é equivalente a um quarto da população pré-guerra; taxa de natalidade despencou e está em torno de um filho por mulher, uma das menores do mundo
A população da Ucrânia diminuiu em mais de 10 milhões de pessoas desde a invasão russa, em fevereiro de 2022, devido a um êxodo de refugiados e à queda da taxa de natalidade, informaram as Nações Unidas nesta terça-feira, 22.
O número corresponde a cerca de um quarto da população ucraniana e é resultado de uma “combinação de fatores”, segundo a chefe do Fundo de População das Nações Unidas para a Europa Oriental, Florence Bauer, durante coletiva em Genebra. Em 2021, último ano antes da invasão russa, a Ucrânia tinha uma população de cerca de 40 milhões de pessoas.
Desde o início da guerra, aproximadamente 6,7 milhões de pessoas fugiram do país, buscando asilo na Europa e mundo afora, enquanto outras “dezenas de milhares” morreram.
“É difícil ter números exatos, mas as estimativas giram em torno de dezenas de milhares de vítimas”, afirmou Bauer, reforçando que uma contabilização exata do impacto da guerra na população ucraniana só seria possível após o fim do conflito, mediante a realização de um censo completo.
Taxa de natalidade
Bauer enfatizou que a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, transformou uma situação demográfica já difícil do país em algo mais grave. Mesmo antes da guerra, a nação europeia, como a maioria dos países pelo globo, já via sua taxa de natalidade (quantidade de filhos gestados por mulher) cair e registrava um dos menores índices de nascimentos da Europa.
“A taxa de natalidade despencou e está atualmente em torno de um filho por mulher, o que é um dos mais baixos do mundo”, disse ela, lembrando que a taxa de reposição – aquela que mantém uma população estável, sem crescer nem encolher – é de 2,1 bebês por mulher.
A população russa, apesar de muito maior, também sofreu uma queda desde o início da guerra, registrando sua menor taxa de natalidade desde 1999 nos primeiros seis meses deste ano. O Kremlin descreveu a situação como “catastrófica”.