Policial é acusada de homicídio culposo por morte de jovem negro nos EUA
Daunte Wright foi assassinado a menos de 16km de onde George Floyd foi asfixiado no ano passado; caso levou a nova onda de protestos
A policial envolvida na morte de um jovem negro em Minneapolis, nos Estados Unidos, está sendo acusada de homicídio culposo, disse o promotor do caso nesta quarta-feira, 14. Segundo a acusação, Kim Potter, oficial de polícia da cidade de Brooklyn Center, é a responsável pela morte de Daunte Wright, de 20 anos, ocorrida no último domingo, 10.
No estado de Minnesota, um homicídio culposo se dá quando uma pessoa causa a morte de alguém por “negligência, pela qual um indivíduo cria um risco não fundamentado e conscientemente corre riscos de causar danos graves a outro”. A sentença geralmente gira em torno de dez anos de prisão e multa de 20 mil dólares.
Daunte Wright, de 20 anos, foi morto com um tiro pouco antes das 14h de domingo após ser parado por uma infração de trânsito pela polícia. O episódio aconteceu a cerca de 16 quilômetros de onde George Floyd foi morto, em maio do ano passado, também durante uma ação policial.
A morte provocou indignação em todo o país e ocasionou novos protestos contra o racismo das forças de segurança, principalmente após o chefe de polícia, Tim Gannon, tentar justificar o ato alegando que Kim teria confundido sua arma de fogo com uma arma de choque. A repercussão negativa de sua fala levou a demissão de ambos na última terça-feira, 13.
A maioria das manifestações tiveram início de maneira pacífica no último domingo, porém à noite o caos começou a ser instaurado próximo a delegacia da cidade. Um grupo chegou a jogar pedras em direção aos policiais, que responderam com gás lacrimogênio e balas de borracha. Para tentar evitar mais violência, o governo municipal decretou toque de recolher até as 6h da manhã.
O comando unificado de aplicação de leis de Brooklyn Center chegou a afirmar que mais de sessenta prisões foram realizadas na noite de terça, sendo a maioria dela devido a “revoltas e outros comportamentos criminosos”.
Kim Potter chegou a assinar uma carta de demissão, porém o prefeito da cidade, Mike Elliot, afirmou que não a aceitaria, mesmo tendo dito anteriormente à rede CBS que ela deveria ser demitida.
A morte de Daunte Wright é pelo menos a terceira de um homem negro durante ação policial nos últimos cinco anos em Minneapolis. Além de Wright, Philando Castile foi morto em 2016 na região de Falcon Heights, assim como George Floyd, morto em maio do ano passado.
A morte
O veículo de Daunte foi parado pouco antes das 14h de domingo por uma infração de trânsito. Após verificar que havia um mandado de prisão em seu nome, os policiais tentaram deter o jovem, que tentou fugir.
“Um policial disparou uma arma de fogo, atingindo o motorista. O carro percorreu então vários quarteirões antes de atingir outro veículo”, disse a polícia em comunicado. Segundo a mãe de Wright, ele havia sido parado na blitz por ter purificadores de ar pendurados em seu carro, algo que é proibido no estado.
Imagens da câmera de segurança do uniforme divulgadas na segunda-feira mostram o jovem parado do lado de fora do seu veículo com as mãos atrás da cabeça e um policial diretamente atrás dele tentando algemá-lo. Pouco antes de tentar fugir, é possível ouvir um oficial tentando impedi-lo
Kim Potter aparece logo na sequência dizendo que vai usar sua arma de choque contra ele repetidas vezes. “Eu atirei nele”, diz na sequência. De acordo com Gannon, após a fuga, inúmeras tentativas de reanimar o jovem foram realizadas, porém Wright morreu no local.