Petro afirma que suposto barco do tráfico venezuelano abatido pelos EUA era da Colômbia
Presidente da Colômbia diz que 'novo cenário de guerra se abriu: o Caribe'; Casa Branca rejeita alegações como 'infundadas'

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou nesta quinta-feira, 9, que um barco recentemente bombardeado por forças americanas, uma suposta embarcação da Venezuela que transportava drogas para os Estados Unidos, era, na verdade, colombiano, e transportava cidadãos do país. A Casa Branca classificou a alegação como “infundada”.
Os Estados Unidos atacaram pelo menos quatro embarcações no Caribe nas últimas semanas, matando 21 pessoas. O governo do presidente Donald Trump afirmou que os ataques em águas internacionais tinham como alvo “narcotraficantes”, mas não forneceu evidências ou detalhes sobre quem ou o que estava a bordo. As investidas foram condenadas em países da região, em meio a preocupações de que as ações estejam em violação do direito internacional.
Depois que o Senado americano rejeitou, na quarta-feira 8, uma medida que impediria Trump de usar força militar contra os barcos, Petro escreveu no X, ex-Twitter, que um “novo cenário de guerra se abriu: o Caribe”. A medida considerada pelos senadores exigiria que o presidente precisasse da aprovação do Congresso para os ataques e foi rejeitada por 48 votos a 51.
“Indícios mostram que o último barco bombardeado era colombiano, com cidadãos colombianos a bordo. Espero que suas famílias se apresentem e denunciem (o incidente)“, disse o presidente da Colômbia. “Não estamos falando de uma guerra contra o contrabando; mas sim de uma guerra pelo petróleo (da Venezuela) e ela deve ser detida pelo mundo. A agressão é contra toda a América Latina e o Caribe.”
Petro não forneceu mais detalhes sobre as supostas identidades das pessoas a bordo. Anteriormente, os Estados Unidos não divulgaram informações sobre os tripulantes mortos nas embarcações atacadas.
Em resposta, a Casa Branca emitiu comunicado afirmando que “aguarda ansiosamente que o presidente Petro se retrate publicamente de sua declaração infundada e repreensível”. O texto acrescentou que, embora as duas nações tivessem “diferenças políticas”, os Estados Unidos permaneciam “comprometidos com a cooperação estreita em uma série de prioridades compartilhadas, incluindo segurança e estabilidade regionais”.
No início deste mês, um memorando vazado, enviado pelo Executivo ao Congresso, afirmava que os Estados Unidos agora estariam em um “conflito armado não internacional”. O enquadramento foi visto por analistas como uma forma para o governo justificar o uso de poderes de guerra no mar do Caribe, incluindo matar “combatentes inimigos”, mesmo que eles não representem ameaça violenta. Além disso, Trump já classificou muitos cartéis, incluindo os do México, Equador e Venezuela, como organizações terroristas – concedendo às autoridades americanas mais poderes para responder aos grupos narcotraficantes.