Pesquisadores descobrem nova variante da Covid-19 na França
Segundo entidade que gere hospitais parisienses, mutação já foi observada em 1,8% das amostras analisadas no país até o momento e já circula ativamente
Um grupo de pesquisadores descobriu uma nova variante do coronavírus na França, de acordo com um estudo publicado no periódico americano “Emerging Infectious Diseases” na terça-feira, 30. A mutação é chamada de HMN.19B, ou Henri-Mondor, em referência ao nome de um hospital em Crétil onde a cepa foi identificada após casos confirmados da Covid-19 em três profissionais no início de fevereiro.
Segundo a entidade que gere os hospitais parisienses, Assistance Publique-Hôpitaux de Paris (AP-HP), a nova variante já foi observada em 1,8% das amostras analisadas no país até o momento e já circula ativamente. Ao todo, foram infectados 29 pacientes da região metropolitana de Paris, do sudeste e do sudoeste da França, quatro semanas após a descoberta da mutação.
A variante, de acordo com comunicado da entidade, deriva de uma cepa que surgiu no início da pandemia, a 19B, que perdeu lugar por cepas mais recentes a longo do ano passado. Ela se soma às já conhecidas variantes brasileira (P.1), inglesa (B.1.1.7), californiana (CAL.20C), sul-africana (B.1.351) e nova-iorquina (B.1.2526).
A AP-HP destacou, no entanto, que ainda é preciso mais estudos para saber a capacidade de contágio da variante, se é facilmente detectável em testes, se pode ser associada a quadros clínicos graves e como é a resposta da variante a vacinas e tratamentos.
A publicação do estudo acontece em meio a temores da expansão da pandemia no país, provocando um possível colapso do sistema de saúde. Nesta quarta-feira, 31, o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, afirmou que serão aplicadas medidas mais duras para tentar desafogar hospitais, destacando que não querem chegar a um ponto em que médicos tenham que decidir quais pacientes têm mais chance de sobreviver.
As novas medidas devem ser anunciadas na noite desta quarta-feira em pronunciamento na TV feito pelo presidente Emmanuel Macron.
“Uma coisa é clara: a França não abandonará nenhum enfermo, a seleção de paciente não é uma opção e nunca será”, disse Attal em entrevista coletiva após reunião do Conselho de Ministros e do Conselho de Defesa Sanitária.
Na terça-feira, o país ultrapassou a marca simbólica de 5.000 pacientes em UTIs, acima do pico da segunda onda, em novembro do ano passado. Alguns epidemiologistas alertam que dentro de algumas semanas, sem medidas mais duras, o número pode chegar a 7.000, teto da primeira onda.
Ao todo, a França soma 4,59 milhões de casos de Covid-19, incluindo 95.337 mortes.