Peru rompe relações com México após ex-premiê acusada de golpe receber asilo
Betsy Chávez é investigada pelas autoridades peruanas por cumplicidade no autogolpe do ex-presidente Pedro Castillo; Lima condena 'ato hostil' mexicano
O governo do Peru anunciou na noite de segunda-feira 3 que rompeu relações diplomáticas com o México após o país conceder asilo a Betsy Chávez, antiga premiê do ex-presidente peruano Pedro Castillo. Ela é investigada pelo crime de rebelião devido a acusações de cumplicidade na tentativa de autogolpe promovida por Castillo em 2022.
O ministro das Relações Exteriores do Peru, Hugo de Zela, declarou à imprensa que a o asilo a Chávez na embaixada mexicana em Lima constitui um “ato hostil” que agrava as tensões existentes entre os dois países. Em comunicado, o gabinete do atual presidente peruano, José Jerí, acusou o México de interferência “repetida” nos assuntos internos do país sul-americano.
Investigação por golpe
Autoridades peruanas acusam Chávez de participar da manobra de Castillo, que há três anos tentou declarar estado de emergência e dissolver o Parlamento, para driblar um processo de impeachment contra ele. O então presidente, porém, não conseguiu o apoio dos militares, foi rapidamente derrubado pelo Congresso e preso por tentativa de golpe de Estado. Ele ainda não foi condenado, mas autoridades buscam uma pena de até 34 anos.
A Procuradoria-Geral do Peru acusou Chávez de cumplicidade no crime de rebelião contra o poder do Estado. Promotores querem uma pena de até 25 anos de prisão para a política, que foi primeira-ministra de Castillo. Ela negou ter conhecimento do plano para dissolver o parlamento.
“Hoje soubemos com surpresa e profundo pesar que a ex-primeira-ministra Betsy Chávez, suposta coautora da tentativa de golpe de Estado do ex-presidente Pedro Castillo, recebeu asilo na residência da embaixada mexicana no Peru”, disse Hugo de Zela a jornalistas. “Diante desse ato hostil, o governo peruano decidiu romper relações diplomáticas com o México hoje.”
Ele completou: “A verdade é que tentaram retratar os autores da tentativa de golpe como vítimas, quando, na realidade, os peruanos vivem e querem continuar vivendo em democracia, como reconhecido por todos os países do mundo, com a única e solitária exceção do México.”
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores mexicano rejeitou a decisão “unilateral” do Peru como “excessiva e desproporcional”.
Escalada de tensões
O rompimento de relações agrava as tensões entre os dois países latino-americanos desde a destituição de Castillo.
Em 2022, Lima expulsou o embaixador mexicano após o México conceder asilo à esposa e aos filhos do ex-presidente depois de sua prisão.
No ano seguinte, o Peru também chamou de volta seu embaixador da Cidade do México, em resposta à declaração de apoio a Castillo do então presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, afirmando que ele havia sido “destituído ilegalmente”.
Ex-professor do ensino fundamental, agricultor e ativista sindical, Castillo foi apelidado de “primeiro presidente pobre” do Peru. Sem experiência política prévia, assumiu o cargo como um outsider do governo, prometendo transformar a economia peruana em declínio e apoiar os pobres. Mas sua Presidência de teve um fim infame depois da tentativa de autogolpe.
A sucessora de Castillo, a ex-presidente Dina Boluarte, também sofreu um impeachment no mês passado, após meses de protestos em massa contra escândalos políticos e o aumento da criminalidade no Peru. O líder do Congresso, José Jeri, assumiu então a presidência interina.
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