Pelo terceiro dia, protestos contra plano previdenciário paralisam França
Milhares de pessoas participam dos atos contra o aumento da idade de aposentadoria para 64 anos, proposta por Macron

Manifestantes lotaram as ruas da França pelo terceiro dia nesta terça-feira, 7, em protesto contra a impopular reforma previdenciária do presidente Emmanuel Macron. O plano visa aumentar a idade de aposentadoria na para 64 anos.
Em diversas cidades do país, são esperadas milhares de pessoas em mais de 200 manifestações de rua. Funcionários do setor de transporte vão interromper o funcionamento de trens e ônibus nos centros urbanos, enquanto um em cinco voos no aeroporto Orly de Paris será cancelado.
Como professores e estudantes também aderiram à greve, escolas permanecerão fechadas. O movimento estudantil francês já bloqueou vários prédios universitários em todo o país.
Pesquisas de opinião mostram que grande parte dos franceses não apoia a medida de Macron de aumentar em dois anos a idade de aposentadoria (atualmente, é 62, a mais baixa da Europa). A proposta também prevê que as pessoas devem fazer contribuições para uma uma pensão completa.
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No Parlamento, os aliados de Macron enfrentaram forte resistência na reunião para falar sobre a proposta na noite de segunda-feira 6. Os centristas que defendem o plano contam com o apoio dos legisladores de direita do partido Les Républicains, mas os políticos ainda estão em negociações.
Caso a direita não apoie a reforma, em teoria, o governo pode usar poderes do executivo para aprová-la sem votação. Contudo, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, disse que quer evitar isso, já que pode causar uma onda ainda maior de protestos.
Além das negociações incertas, os centristas de Macron ainda enfrentam forte oposição da esquerda francesa no Parlamento. Durante a reunião de segunda-feira, que tornou-se caótica, o líder dos aliados do governo perguntou para legisladores de esquerda: “Vamos mesmo passar 15 dias assim?”. Ele foi prontamente respondido com um “Sim!”, enquanto os opositores gritaram de volta e batiam nas mesas.
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Rachel Keke, a primeira faxineira a se sentar no parlamento francês (ela foi eleita com o partido de esquerda radical França Insubmissa em junho passado), falou que os ministros do governo de Macron nunca tiveram que fazer um trabalho difícil e não sabem o que é “acordar todas as manhãs com dores nas costas”. A declaração gerou aplausos de pé nas bancadas da esquerda.
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Já o ministro das Contas Públicas, Gabriel Attal, afirmou que o governo não tem outra alternativa para salvar o sistema previdenciário francês senão aprovar a reforma. Para ele, caso contrário, o sistema de pensões do país vai “falir”.
Acompanhando o caos no Parlamento, representantes sindicais que estão organizando os protestos já marcaram mais um dia de manifestações para o próximo sábado, 11.