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Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia

Mãe de quatro filhos foi acusada por colegas de trabalho de ter lançado pragas contra Maomé

Por La Vanguardia
7 dez 2010, 13h56

A vida de uma mãe de quatro filhos está por um fio. A cristã Asia Bibi, de 45 anos, é a mais recente vítima da abominável lei da blasfêmia que se converteu na mais draconiana do mundo islâmico, ao castigar com pena de morte insultos contra Maomé. Qualquer denúncia de blasfêmia significa prisão imediata até a data do julgamento, que no caso de Asia Bibi demorou um ano e meio.

Ainda que qualquer paquistanês seja suscetível de ser perseguido, até agora 50% das denúncias recaíram em minorias religiosas (4% da população). Em primeiro lugar, os ahmadis (uma seita que o Paquistão não reconhece como islâmica), seguidos muito de perto pelos cristãos.

Os problemas de Asia Bibi começaram com uma rixa entre trabalhadoras. Bibi havia sido encarregada pelo capataz de transportar água, mas as outras se negaram a beber porque ela é cristã. Elas discutiram. Alguns dias depois voltaram, como matilhas, dizendo que ela havia ofendido o profeta. “É uma armação total, uma vingança, como sempre”, afirma Pilar Vila-Sanjuán, uma freira de Barcelona. “Mas aqui, para muita gente, as heroínas são as outras.” Ou seja, as muçulmanas que querem levá-la à forca.

Vila-Sanjuán dirige o colégio Jesus & Mary, rodeado de cercas, como o restante das escolas de elite de Lahore. Depois de uma dezena de anos no Paquistão, ela não morde a língua: “Os presos cristãos são os escravos dos muçulmanos e sempre são eles que limpam as latrinas”. E completa: “Desde o 11 de Setembro há mais intolerância, o cristão vive assustado e sonha em ir embora”. Os cristãos no Paquistão, um pouco mais de 3 milhões, são pobres. E entre os cristãos, “os católicos são os mais simples”. Varredor de rua é uma das profissões habituais.

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A própria freira afirma que sofreu na carne as acusações de blasfêmia. Quando acompanhou um paroquiano que ia assinar o contrato de aluguel de um apartamento, “o proprietário ficou de pé atrás ao ver que era cristão”, explicou. Vila-Sanjuán recriminou sua conduta e uma hora depois a polícia chegou “porque ela havia humilhado um muçulmano”.

Na sexta-feira, um clérigo muçulmano prometeu o equivalente a 4.300 euros a quem matar Asia Bibi, caso o governo não a execute. “Na saída das mesquitas, em Lahore e Karachi, havia gritos contra os cristãos”, lamenta Pilar Vila-Sanjuán. Duas semanas atrás, o cardeal Tauran – enviado pelo Vaticano para tratar com o presidente Ali Zardari – se reuniu com todos os bispos. O caso de Asia Bibi estava na agenda. Uma semana antes, o papa havia pedido sua libertação.

O ministro de Minorias solicitou seu indulto. Mas o Tribunal Supremo advertiu que não pode dá-lo enquanto não avaliarem o recurso. “Se a indultarem, terá de tirar sua família do país, para que não os matem. Até o juiz tem medo”, opina a religiosa. Os partidos islâmicos já se organizaram para exigir o enforcamento de Asia e alertam que revogar a lei “levará à anarquia”.

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