Papa propõe mudar seus ritos fúnebres e não quer ser sepultado no Vaticano
Mudança pretende tornar as cerimônias mais simplificadas, comportamento que o pontífice tem exibido desde que foi escolhido para o cargo
O papa Francisco disse nesta terça-feira, 13, que planeja simplificar os ritos fúnebres para pontífices e deseja ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. A mudança das regras tornaria Francisco o primeiro chefe da Igreja Católica a ser enterrado fora do Vaticano desde Leão XIII, que foi sepultado na Basílica de São João de Latrão, em 1903.
Nas declarações concedidas em entrevista à emissora mexicana N+, o papa revelou que a mudança se deve à sua devoção a Maria. Ele tradicionalmente reza na Basílica de Santa Maria Maggiore antes e depois das suas viagens ao exterior. A missa fúnebre, no entanto, continuaria a ser realizada na Praça de São Pedro, no Vaticano.
A simplificação dos protocolos está sendo organizada com o arcebispo Diego Ravelli, mestre de cerimônias do enclave papal. Às vésperas de completar 87 anos, Francisco tratou sobre um amplo espectro de assuntos na entrevista, incluindo imigração, sua relação o falecido Papa Bento XVI, planos de viagem e seu estado de saúde.
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Longe da pompa e no meio de conflitos
Eleito em 2013, Francisco evita qualquer demonstração de pompa. Ele nunca veste a “mozeta”, uma capa vermelho carmesim com detalhes em pele, nem calça os “sapatos de pescador”, de pelúcia vermelha, ao contrário dos antecessores. O pontífice usa prata desbotada da época em que era arcebispo em Buenos Aires, na Argentina, e sapatos pretos. No pulso, leva um relógio de plástico, tendo doado outros mais caros para leilões de caridade.
Na entrevista, ele reconheceu que a morte de Bento XVI, em dezembro de 2022, pode ter tido um impacto na sua paciência, tornando-o mais firme contra seus críticos. Francisco disse que, por vezes, “há alguns que você precisa enfrentar um pouco”. Em novembro, dois prelados conservadores foram alvo de medidas disciplinares, nos Estados Unidos.
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A saúde do pontífice
Francisco afirmou também que renunciaria, seguindo os passos de Bento XVI, caso sua saúde piorasse muito. Ele enfatizou, no entanto, que o abandono do cargo não deveria se transformar em regra.
A entrevista ocorre após o pontífice se recuperar de uma bronquite. Em junho, ele passou por uma cirurgia para reparar uma hérnia abdominal e teve uma boa recuperação.
“Sinto-me bem, sinto-me melhorado. Às vezes dizem-me que não sou prudente porque tenho vontade de fazer coisas e de me movimentar. Acho que são bons sinais, não? Estou bastante bem”, afirmou, embora tenha pedido orações para aprender a lidar com os problemas da velhice.