Papa Leão XIV faz apelo por entrada de ‘ajuda humanitária digna’ em Gaza
Pontífice classificou situação no território palestino como 'cada vez mais preocupante e dolorosa'

O papa Leão XIV apelou nesta quarta-feira, 21 pela, entrada de “ajuda humanitária digna” na Faixa de Gaza, classificando a situação no território palestino como “cada vez mais preocupante e dolorosa”.
“Renovo meu apelo para permitir a entrada de ajuda humanitária digna e para acabar com as hostilidades, cujo preço de partir o coração é pago pelas crianças, idosos e doentes”, disse o pontífice durante sua primeira audiência geral semanal na Praça São Pedro.
O apelo de Leão XIV, que já mencionou a situação em Gaza diversas vezes durante os primeiros dias de seu papado, ocorre um dia após as Nações Unidas afirmarem que nenhuma ajuda humanitária havia sido distribuída na Faixa de Gaza, mesmo depois do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, permitir a entrada de suprimentos pela primeira vez desde 2 de março.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse que dezenas de caminhões de farinha, remédios e suprimentos nutricionais entraram no enclave, mas que o processo israelense de verificação tem sido lento, enquanto quase toda a população de Gaza enfrenta “risco crítico” de fome.
‘Risco crítico’ de fome
A população da Faixa de Gaza, composta por 2,3 milhões de pessoas antes da guerra, está em “risco crítico” de fome e enfrenta “níveis extremos de insegurança alimentar”, segundo um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), apoiada por agências das Nações Unidas, grupos de ajuda e governos.
O documento indicou que o cesar-fogo, que durou de janeiro a março, “levou a um alívio temporário” em Gaza, mas as novas hostilidades israelenses “reverteram” as melhorias. Cerca de 1,95 milhão de pessoas, ou 93% da população de Gaza, vivem níveis de insegurança alimentar aguda. Desse número, mais de 244 mil enfrentam graus “catastróficos”. A fome generalizada, segundo a pesquisa, é “cada vez mais provável” no território. No momento, meio milhão de palestinos, um em cada cinco, estão famintos em Gaza.
Na semana passada, a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusou Israel de limitar-se a deixar entrar em Gaza uma ajuda “ridiculamente insuficiente”, apenas para “evitar a acusação de que está matando de fome as pessoas” no enclave palestino. Segundo a MSF, a ajuda autorizada desde segunda-feira, de 100 caminhões diários, “é apenas uma cortina de fumaça”.