Papa condena ‘exageros’ dos ataques de Israel ao Hezbollah no Líbano
Pontífice também voltou a tocar em um tema sensível para os bispos durante viagem à Bélgica, os abusos sexuais dentro da Igreja Católica
O papa Francisco criticou os ataques feitos por Israel no Líbano, que matou importantes líderes do grupo terrorista Hezbollah nos últimos dias. As críticas foram feitas durante voo do papa de Bruxelas, na Bélgica, para Roma, na Itália. Na capital Belga, antes do voo, o pontífice condenou abusos sexuais dentro da Igreja Católica.
Francisco afirmou que a investida militar de Israel no Líbano mostra o que ele diz ser uma tendência de dominar que vai além da moralidade. “A defesa deve ser sempre proporcional ao ataque. Quando há algo desproporcional, você vê uma tendência de dominar que vai além da moralidade”, disse Francisco.
O pontífice afirmou que, mesmo numa guerra, os países não devem extrapolar regras universais de convivência ao criticar o que chamou de ‘exageros’ nos ataques ao Líbano. “Mesmo na guerra, há uma moralidade a salvaguardar. A guerra é imoral. Mas as regras da guerra dão a ela alguma moralidade”.
Papa condena abuso sexual na Igreja Católica
O papa Francisco voltou a tocar em um tema sensível para a Igreja Católica, ao encerrar uma viagem a Bruxelas. Ele afirmou que os casos de violência sexual dentro da Igreja não devem ser acobertados. O pontífice fez uma missa para 40 mil fiéis no Estádio Rei Balduíno na capital belga.
Esta foi uma das pregações mais incisivas do Papa contra abusos dentro da Igreja. “Não há lugar para o abuso. Não há lugar para acobertar o abuso. Peço a todos: não acobertar os abusos. Peço aos bispos: não acobertar os abusos. Condenar os abusadores”, disse o Papa.
Durante seu sermão, o papa Francisco fez referência a um encontro confidencial que teve na última sexta-feira com 17 vítimas de agressões sexuais na Igreja Católica na Bélgica. O papa disse ter sentido “o sofrimento delas como abuso”.
Papa é questionado por estudantes sobre relação da Igreja Católica com vítimas
Francisco afirmou que tudo deve ser revelado. “O mal não pode ser escondido, o mal deve ser exposto, divulgado e o agressor julgado, mesmo que seja um leigo, uma leiga ou um bispo”, disse. “Repito aqui: na Igreja há lugar para todos, mas todos serão julgados”. O sermão do Papa foi também uma exposta a religiosos e estudantes da Universidade Católica de Louvain, que questionaram a relação da Igreja com as vítimas de violência sexual.
Segundo a AFP, no sábado uma representante dos centros de abrigos para vítimas de violência sexual em Flandres, na Bélgica, Mia de Schamphelaere, fez uma pergunta ao Papa. “Como a Igreja pode ver, reconhecer e aprender com as feridas dos sobreviventes? Como podemos construir uma cultura eclesiástica em que todos, jovens e idosos, homens e mulheres, se sintam seguros e protegidos?”, perguntou.
O Papa respondeu que é importante escutar o sofrimento das vítimas “Fazê-las sentir a nossa proximidade e oferecer-lhes toda a ajuda possível, para aprender com elas a ser uma Igreja que serve a todos, sem dominar ninguém”, disse. “Uma das raízes da violência é o abuso de poder, quando utilizamos os papéis que temos para esmagar os outros ou manipulá-los”.
Os estudantes tinham perguntado no sábado ao Papa sobre o papel das mulheres na Igreja e a resposta provocou insatisfação generalizada. Francisco afirmou que “a mulher é acolhimento fecundo, cuidado, dedicação vital”, para muitos uma postura reducionista.