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Pandemia regride em 10 anos inserção de latinas no mercado de trabalho

Relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) mostra que participação feminina laboral caiu seis pontos, para 46%, em 2020

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 13h47 - Publicado em 10 fev 2021, 15h55

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) anunciou nesta quarta-feira, 10, que a pandemia de coronavírus provocará um retrocesso de uma década na participação das mulheres na força de trabalho na América Latina. Segundo um relatório da organização, a proporção feminina no mercado caiu seis pontos percentuais em 2020, para 46%, em relação ao ano anterior.

Em meio às restrições sanitárias impostas para frear a propagação da Covid-19 na América Latina, “houve uma retumbante saída de mulheres do mercado de trabalho, que, por terem que atender às demandas de cuidados em seus lares, não retomaram a procura por emprego”, diz o documento.

“A pandemia causará uma redução nos níveis de emprego das mulheres que representa um retrocesso de pelo menos dez anos”, completa o relatório.

A participação dos homens no mercado de trabalho também caiu, mas menos: quatro pontos percentuais, para 69%, em relação ao ano anterior.

Também afetado pela pandemia, o PIB da região diminuiu 7,7% em 2020, com forte impacto em empregos. A Cepal, órgão técnico das Nações Unidas com sede em Santiago, no Chile, destaca que a taxa de desemprego entre as mulheres atingiu ao menos 12% em 2020. O órgão também estima que cerca de 118 milhões de mulheres latino-americanas estão em situação de pobreza, 23 milhões a mais do que em 2019.

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“As mulheres da região são parte crucial da primeira linha de resposta à pandemia”, ressaltou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, em entrevista coletiva, ressaltando que 73,2% das pessoas que atuam no setor da saúde são mulheres.

“[Elas] tiveram que enfrentar uma série de condições extremas, como longas jornadas de trabalho, que se somam ao maior risco a que o pessoal de saúde está exposto a contrair o vírus”, completou Bárcena. Isso não impede, contudo, a desigualdade salarial: a renda das mulheres que trabalham na área da saúde é 23,7% menor que a dos homens do mesmo setor.

Além disso, segundo o relatório, os setores mais afetados pela pandemia (como o setor de hospitalidade) são os que mais concentram mão de obra feminina na América Latina: cerca de 56,9%, contra 40,6% do masculino.

Em alguns países, a disparidade é ainda maior. No México, que tornou-se dono da maior taxa de mortalidade da Covid-19 no mundo, 65,2% das trabalhadoras estão em setores duramente atingidos pela crise, contra 44,9% dos homens.

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O trabalho doméstico também sofreu um colapso. No Chile e na Colômbia, quatro em cada dez empregadas domésticas estão sem trabalho desde o início da pandemia. No Brasil, duas em cada dez. As que mantiveram seus postos viram suas tarefas aumentadas, seja por maiores exigências de higiene devido ao coronavírus, seja por atender pessoas que antes não estavam em casa permanentemente.

A Cepal propõe reativar o comércio, o turismo e outros serviços, considerando que “além de revitalizar as economias, têm um efeito poderoso na recuperação do emprego feminino”. Apela também ao investimento em infraestruturas de acolhimento, como creches e outros serviços de cuidado, para promover o crescimento econômico.

(Com AFP)

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