Otan discute fundo militar de 100 bilhões de euros para Ucrânia
Se aprovada, proposta do secretário-geral da Otan tornará o sistema de fornecimento de armas ao país mais direto
Os ministros das Relações Exteriores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) discutiram, nesta quarta-feira, 3, uma proposta de apoio à Ucrânia por meio da criação de um fundo militar no valor de 100 bilhões de euros (quase R$ 550 bilhões), que seriam distribuídos ao longo de cinco anos, para ajudar o país em guerra com a Rússia. O encontro dos chefes da diplomacia dos membros da aliança militar ocidental ocorre na sede da organização, em Bruxelas, e terá duração de dois dias.
O projeto do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, propõe uma mudança na dinâmica da aliança entre o Ocidente e a Ucrânia, criando um sistema mais direto de fornecimento de armas, munições e equipamentos. Até então, o grupo evitou a participação direta no envio de apoio militar a Kiev, por receio de um conflito maior com a Rússia.
“Devemos garantir uma assistência de segurança fiável e previsível à Ucrânia a longo prazo, para que dependamos menos de contribuições voluntárias e mais de compromissos da Otan. Menos de ofertas de curto prazo e mais de compromissos plurianuais”, defendeu Stoltenberg.
“À prova de Trump”
A proposta foi apresentada diante de um risco da volta do ex-presidente americano Donald Trump à Casa Branca, com as eleições em novembro, já que ele é contrário ao auxílio estrangeiro à Ucrânia. Como medida protetiva, o plano concederia à Otan a coordenação do grupo Ramstein, hoje liderado pelos Estados Unidos, que comanda o fornecimento de equipamento militar ocidental para Kiev.
De acordo com Stoltenberg, a decisão em relação à proposta só será tomada durante uma cúpula em julho. Para ser aprovada, ela precisa ser aceita em um consenso entre os 32 membros da organização. Por isso, não está claro se o valor de 100 bilhões de euros seria aceito.
Opinião das lideranças
O ministro das Relações Exteriores da Letônia, Krisjanis Karins, afirmou que a proposta é “muito boa” e sugeriu a possibilidade do fundo ser financiado por uma porcentagem do PIB dos países membros da Otan.
A chanceler canadense, Melanie Joly, também declarou ser a favor de “qualquer forma de apoio que a Ucrânia possa ter”, bem como o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski.
Ucrânia na Otan
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou nesta terça-feira, 2, que a Otan está em busca de medidas que sirvam como ponte para a entrada dos ucranianos na aliança – segundo Moscou, teria sido justamente isso que motivou a invasão.
“A Ucrânia se tornará membro da Otan. É uma questão de ‘quando’, não de ‘se'”, disse Stoltenberg.
No entanto, a Otan declarou que o país não pode aderir ao grupo enquanto estiver em guerra com a Rússia.