Opositor venezuelano Edmundo González é internado na Espanha
Quadro é estável e internação foi decidida como medida preventiva, segundo equipe do político

O líder da oposição venezuelana Edmundo González Urritia foi hospitalizado na Espanha nesta segunda-feira, 5, após um episódio repentino de pressão baixa. Segundo sua equipe, o quadro é estável e a hospitalização foi adotada como medida preventiva.
Do hospital, González disse por meio de um comunicado oficial estar consciente “que minha responsabilidade com o país exige minha rápida recuperação”, acrescentando que retornará aos trabalhos “conforme orientação médica”. “Quero informar a todos os venezuelanos que estou sendo bem cuidado e me sinto em boas mãos”, disse o líder, de 75 anos.
Ele também destacou que a líder opositora María Corina Machado, principal nome da oposição e sua aliada política, permanece “à frente do processo político e organizacional” enquanto ele se recupera.
Edmundo González Urrutia tornou-se o nome de consenso da oposição após a desqualificação de María Corina Machado pelo regime chavista nas eleições presidenciais do ano passado. O candidato pela Plataforma Unitária Democrática (PUD) enfrentou diversos obstáculos burocráticos e perseguições políticas durante o processo eleitoral.
Em julho de 2024, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado por Nicolás Maduro, declarou a reeleição do presidente chavista — resultado contestado por governos estrangeiros e entidades internacionais. O CNE e o Supremo, ambos pró-Maduro, atestaram que ele, cuja presidência foi marcada por uma profunda crise econômica e social na Venezuela, venceu a votação de julho por 51% a 42%, embora nunca tenham oferecido evidências, ao se recusar a publicar as atas eleitorais e os resultados desagregados. Já a oposição diz que González Urrutia ganhou com cerca de 67% dos votos, contra menos de 30% do ditador, com base no que diz ser 80% dos boletins de urna resgatados por fiscais.
Maduro, 62 anos, está no poder desde 2013. Ele tem o apoio inconteste de líderes das Forças Armadas e dos serviços de inteligência, que são comandados por aliados próximos do poderoso ministro do Interior, Diosdado Cabello, responsável pela repressão. O governo deteve vários políticos e ativistas, incluindo um ex-candidato presidencial.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA), concluiu que a reeleição de Maduro não tem “legitimidade democrática”. Em documento intitulado “Venezuela: graves violações dos direitos humanos no contexto eleitoral”, a organização alega que a eleição presidencial foi marcada por uma estratégia repressiva do regime de Maduro que constitui terrorismo de Estado.