ONU pede tratamento digno aos venezuelanos nos países de acolhida
Ataques de brasileiros a acampamentos de imigrantes em Pacaraima levaram 1.200 venezuelanos a abandonar o país no fim de semana
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu nesta segunda-feira, 20, que sejam respeitados os direitos dos venezuelanos que fogem do seu país e que eles sejam tratados com “dignidade” nas nações que os acolherem.
“É importante que aqueles que escapam da violência e que aqueles que fogem para salvar suas vidas tenham seus direitos respeitados e sejam tratados com dignidade”, disse o porta-voz Stéphane Dujarric, durante a entrevista coletiva diária.
Dujarric fez a declaração em resposta aos incidentes deste fim de semana no Brasil e sobre as decisões do Equador e do Peru de exigir passaporte dos venezuelanos que atravessarem suas fronteiras.
O porta-voz lembrou que há leis e convenções internacionais sobre os refugiados e disse que é “importante que as elas sejam respeitadas”.
Hoje, o governo de Roraima ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a suspensão temporária da imigração de venezuelanos por meio da fronteira em Pacaraima, no norte do estado. O governo estadual alega sua intenção de “evitar eventual perigo de conflitos, com derramamento de sangue entre brasileiros e venezuelanos”.
Ao mesmo tempo, Dujarric disse que as Nações Unidas entendem que os fluxos maciços de pessoas “criam tensões” nas comunidades de acolhida e consideram fundamental uma resposta a essas situações.
Por isso, as preocupações da população dos países receptores estão sempre entre as prioridades do trabalho das agências humanitárias da organização, afirmou a ONU.
Nos últimos dias, os ataques de brasileiros contra acampamentos de imigrantes venezuelanos na cidade fronteiriça de Pacaraima levaram 1.200 venezuelanos a abandonar o país.
Dezenas de milhares de venezuelanos atravessaram a fronteira com o Brasil em Pacaraima nos últimos anos, fugindo da turbulência econômica e política em seu país. O fluxo sobrecarregou os serviços sociais do estado e causou uma crise humanitária, com famílias dormindo nas ruas em meio à crescente criminalidade e prostituição.
O alto número de pessoas que estão deixando a Venezuela como consequência da crise também levou na semana passada os governos do Equador e do Peru a exigirem passaporte dos venezuelanos que pretendam ingressar em seus territórios.
As Nações Unidas e as agências estão dando apoio aos países mais afetados pelo fluxo de venezuelanos, entre os quais destacam-se Colômbia, Equador, Peru e Brasil. Segundo dados da organização, cerca de 2,3 milhões de pessoas deixaram a Venezuela desde 2014.
(Com EFE)