ONU expressa preocupação com poder político de ‘oligarcas tecnológicos’ nos EUA
Alto comissário da ONU para os direitos humanos lançou alerta sobre riscos de poder concentrado

O alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Türk, expressou nesta segunda-feira, 3, sua “profunda preocupação” com as mudanças nas políticas dos Estados Unidos. Em um discurso na sede da ONU em Genebra, Türk criticou o crescente controle e a influência de “oligarcas tecnológicos não eleitos” sobre as sociedades modernas, alertando sobre os riscos desse poder concentrado.
“Um pequeno grupo de oligarcas tecnológicos não eleitos controla nossos dados: sabem onde vivemos, o que fazemos, nossas condições de saúde, nossos pensamentos, hábitos, desejos e até nossos medos. Eles sabem como nos manipular”, afirmou Türk.
Embora seus comentários não fossem direcionados exclusivamente aos EUA, as críticas podem ser relacionadas a figuras como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, que, através de suas plataformas de mídia social e empresas, têm exercido uma influência crescente sobre a política e a sociedade.
Essa centralização do poder nas mãos de poucos pode resultar em regimes de “opressão, subjugação e até tirania”, um cenário que, segundo Türk, está se espalhando não só nos Estados Unidos, mas também em países como China e Índia.
Embora não tenha mencionado diretamente o presidente norte-americano Donald Trump, Türk criticou as políticas implementadas por seu governo, especialmente no que diz respeito ao enfraquecimento de normas de equidade e contra a discriminação.
“Estamos observando uma reversão do progresso em áreas essenciais, como a igualdade de gênero”, declarou.
Desde que retornou à Casa Branca, Trump retirou os Estados Unidos do financiamento de organizações internacionais que promovem a saúde e os direitos humanos, como a Organização Mundial da Saúde, e impôs sanções econômicas ao Tribunal Penal Internacional, que investiga crimes de guerra em Gaza.
Türk também chamou a atenção para o aumento da desinformação, da intimidação e das ameaças, especialmente contra jornalistas e funcionários públicos. No mês passado, Trump impôs uma restrição à agência de notícias Associated Press — uma fonte tradicionalmente confiável para a mídia local e internacional — proibindo seu acesso à Casa Branca.